Escrevo-te estas coisas, na esperança de ir ter contigo em breve. Porém, eu quero que saibas como deves proceder na casa de Deus, esta Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade. Grande é
– todos o confessam – o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne, foi justificado no Espírito, apresentado aos anjos, anunciado às nações, acreditado no mundo, exaltado na glória. Livro de Salmos 111(110),1-2.3-4.5-6.Louvarei o SENHOR de todo o coração, no conselho dos justos e na assembleia.
Grandes são as obras do SENHOR, dignas de meditação para quem as ama.
As suas obras têm majestade e esplendor; a sua justiça permanece para sempre.
Deixou-nos um memorial das suas maravilhas. O SENHOR é bondoso e compassivo;
dá sustento aos que o temem e jamais se esquece da sua aliança.
Revelou ao seu povo o poder das suas obras, dando-lhe a herança das nações.
Evangelho segundo S. Lucas 7,31-35.
«A quem, pois, compararei os homens desta geração? A quem são semelhantes? Assemelham-se a crianças que, sentadas na praça, se interpelam umas às outras, dizendo: ‘Tocamos flauta para vós, e não dançastes! Entoámos lamentações, e não chorastes!’ Veio João Batista, que não come pão nem bebe vinho, e dizeis: ‘Está possesso do demónio!’ Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: ‘Aí está um glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos e de pecadores!’ Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por :
São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e Doutor da Igreja
Sermão 38 sobre o Cântico dos Cânticos (a partir da trad. de Béguin, Seuil 1953, p. 442 rev.)
O apóstolo Paulo diz: «Alguns de vós mostram que não conhecem a Deus» (1Cor 15,34). Por mim, digo que partilham dessa ignorância todos os que não se querem converter a Deus, visto que recusam converter-se simplesmente porque o imaginam solene e severo, a este Deus que é todo doçura; fazem-no duro e implacável, quando Ele é só misericórdia; crêem violento e terrível Aquele que deseja apenas a nossa adoração. Assim, o ímpio a si mesmo se engana fabricando um ídolo em vez de conhecer a Deus tal como Ele é.
Que temem essas pessoas de pouca fé? Que Deus não lhes queira perdoar os pecados? Pois se Ele os cravou na cruz, nas suas próprias mãos. Então porque receiam? Por serem fracos e vulneráveis? Ele sabe bem de que barro nos fez! Então de que têm medo? De estar demasiado habituados ao mal para conseguirem quebrar as cadeias do vício? O Senhor liberta os prisioneiros [Sl 146 (145),7]. Receiam então que Deus, irritado devido à infinidade dos seus erros, hesite em lhes estender a mão para os socorrer? No entanto, onde aumentou o pecado superabundou a graça (Rom 5,20). Ou será ainda a inquietação quanto ao que vestir, ao que comer e às outras necessidades da sua vida que os impede de se despojarem dos seus bens? Deus sabe que temos necessidade de tudo isso (Mt 6,32). Que mais querem? Que mais lhes serve de obstáculo à salvação? O fato de não conhecerem a Deus e de não acreditarem no que lhes dizemos. Então, que se fiem na experiência de outros.
Blumenau, 16 de setembro de 2009