Mês passado, o papa Francisco encontrando os membros da Conferência Internacional sobre a Alimentação, impulsionou os representantes dos Estados para que se inspirem na convicção de que o direito à alimentação somente será garantido se nos preocuparmos com o seu protagonismo real, ou seja, com a pessoa que sofre os efeitos da fome e da subalimentação. Parece inacreditável que, no terceiro milênio, com a evolução da ciência e da técnica, com as últimas descobertas científicas sobre o prolongamento da vida, um bilhão de seres humanos (numa população mundial de 7 bilhões) ainda esteja sofrendo por causa da fome em todo o globo terrestre.
O que mais assusta diante desses dados, não é o fato de que esteja faltando comida no mundo, porém sua má distribuição e o investimento que se faz em armas destruidoras. Alie-se a isso a cultura do desperdício: com os milhões de toneladas de alimentos que os países ricos jogam no lixo poderiam ser salvas inúmeras vidas. O papa Francisco se pronunciou neste sentido, afirmando que a fome no mundo “é um escândalo”, diante do qual é necessário “abater com decisão as barreiras do individualismo”, combatendo o desperdício dos alimentos, que faz parte da cultura do consumismo. Para enfrentarmos este problema o papa apela para a “cultura da solidariedade”. Solidariedade, “uma palavra que inconscientemente suspeitamos ter que eliminar do dicionário”, e nos pede para contrastarmos a “globalização da indiferença”.
O Natal cristão não pode ser reduzido a mero romantismo, mas deve sacudir nossas consciências, para nos dizer que aquele Menino Deus está presente entre nós, também nos dias de hoje, e espera de nossa parte um ato de generosidade, de amor. Como os pastores de Belém, que cada um de nós escolha fazer uma visita ao pequeno Jesus, que o deixe tocar seu coração e não permita que a seu redor alguém passe necessidade de comida, de atenção, de amor.
Aproveito este espaço para desejar a todos os leitores um feliz e abençoado Natal. Com isso, despeço-me, agradecendo a todos e todas que me acompanharam no meu ministério pastoral na Diocese de Blumenau. Peço a Deus derrame copiosas bênçãos sobre todos nos próximo ano de 2015 e nos que se seguirem.
DOM JOSÉ NEGRI
Administrador diocesano