Estes três sacerdotes jesuítas de origem espanhola foram martirizados por índios selvagens, atiçados pelos seus pajés, em território que então pertencia à Coroa espanhola e hoje integram o Estado do Rio Grande do Sul.
Os dois primeiros foram chacinados na redução de Caaró e o terceiro o foi poucos dias depois, em localidade não muito distante.
Segundo o depoimento de 53 testemunhas, do coração do Pe. Roque Gonzáles, arrancado de seu peito pelos índios enfurecidos, saía uma voz que dizia: “ Matastes a quem tanto vos amava e queria. Matastes, porém, só o meu corpo, porque minha alma está no Céu!”
Os índios, ouvindo aquela voz, irritados atravessaram o coração com uma flecha e o lançaram ao fogo, mas as chamas milagrosamente o preservaram. Esse coração, ainda hoje intacto, é venerado como relíquia preciosa em Assunção.
Os três sacerdotes eram jesuítas missionários na América do Sul, no tempo da colonização espanhola. Organizavam as missões e reduções implantadas pela Companhia de Jesus entre os índios guaranis do hoje chamado Cone Sul. O objetivo era catequizar os indígenas, ensinando-lhes os princípios cristãos, além de formar núcleos de resistência indígena contra a brutalidade que lhes era praticada pelos colonizadores europeus.
As reduções impediam que eles fossem escravizados, ao mesmo tempo que permitiam manter as suas culturas. Eram alfabetizados através da religião e aprendiam novas técnicas de sobrevivência e os conceitos morais da vida ocidental.
O grande sucesso fez que os colonizadores se unissem aos índios rebeldes, que invadiam e destruíam todas as missões e reduções, matando os ocupantes e pondo fim à rica e histórica experiência.
Roque foi um sacerdote e missionário exemplar. Era de origem paraguaia, filho de colonizadores espanhóis, nascido na capital, Assunção, em 1576. A família fazia parte da nobreza espanhola, o pai era Bartolomeu Gonzales Vilaverde e a mãe era Maria de Santa Cruz, que o educaram na virtude e piedade. Aos quinze anos, decidiu entregar sua vida a serviço de Deus.
Aos vinte e quatro anos de idade ingressou no seminário e, foi ordenado sacerdote. Padre Roque quis trabalhar na formação espiritual dos índios que viviam do outro lado do rio Paraguai, nas fazendas dos colonizadores.
O resultado foi tão frutífero que o bispo de Assunção o nomeou pároco da catedral e depois vigário-geral da diocese. Mas ele renunciou às nomeações para ingressar na Companhia de Jesus, onde vestiu o hábito de missionário jesuíta em 1609. Assim dedicou toda a sua vida a serviço dos índios das regiões dos países do Paraguai, Argentina, Uruguai, Brasil e parte da Bolívia.
Na Redução de Caaró, atualmente pertencente ao Brasil, os martírios ocorreram no dia 15 de novembro de 1628. Após celebrar a missa com os índios, padre Roque estava construindo um pequeno campanário na capela recém-construída, quando os índios rebeldes, a mando do invejoso e feiticeiro Nheçu, atacaram aquela e toda a vizinha Redução de São Nicolau. Mataram todos e incendiaram tudo.
Padre João de Castillo morreu neste local de São Nicolau, enquanto padre Afonso Rodrigues, que ficou na redução de Caaró, morreu junto com padre Roque Gonzáles, esse último com a cabeça golpeada a machado de pedra.
Eles foram beatificados pelo papa Pio XI em 1934 e canonizados pelo papa João Paulo II em 1988, em sua visita à capital do Paraguai.
A festa de são Roque Gonzáles ocorre no dia 17 de novembro.
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São Rafael de São José
“José Kalinowski”
1835-1907
Nasceu no dia 1º de setembro de 1835, em Vilna, antiga Lituânia, atual Polônia, era filho do casal André e Josefina, de famílias pertencentes a nobreza. Foi batizado com o nome de José e educado pelos pais dentro da religião cristã. Aos oito anos, entrou no Instituto para os Nobres, da sua cidade natal, onde seu pai era professor e diretor.
Quando Jovem, pensando em cursar estudos superiores, o pai sugeriu-lhe que frequentasse a universidade de agronomia, mas ele preferiu estudar engenharia civil. Em 1852, mudou-se para a Rússia, onde ficou durante dois anos, mas não conseguiu vaga na Universidade de Petersburgo, Então, matriculou-se na Escola Militar de Engenharia.
A sua fé e religiosidade da vida cristã na vida juvenil decorreu à luz do Santuário de Nossa Senhora do Carmo. Era um aluno brilhante, mas estudando diminuiu a fé. Em 1855, terminado o curso básico, foi admitido para a Academia Militar Superior. Suas capacidades morais e sua inteligência realmente eram muito proeminentes, atingiu altos postos na carreira militar, apesar de que não era essa vida que gostaria, mas a Providência Divina o guiava nessa direção.
Em janeiro de 1863, apesar de ter renunciado, foi intimado para o cargo de ministro da Guerra da Lituânia. Assumiu, porque havia guerra contra a Polônia, e para lutar pela liberdade de seu povo e nação. Mas, também se reacendeu sua fé. Nesse mesmo ano fez sua confissão de arrependimento, comungou e iniciou uma vida de intensa espiritualidade e devoção a Jesus, José e Maria.
A Lituânia perdeu a guerra e ele acabou prisioneiro. Foi deportado para a Sibéria, levando consigo apenas o Evangelho e o livro “Imitação de Cristo” e um crucifixo bento, presente de uma de suas irmãs. Foram dez anos no campo de concentração nos trabalhos forçados e rezando com seus companheiros.
Libertado voltou a sua pátria, entrou na Ordem dos Carmelitas Descalços de Graz, aos quarenta e dois anos de idade, em 1877. Vestiu o hábito dos carmelitas e tomou o nome de Rafael de São José, em 1882, recebendo a ordenação sacerdotal.
Distinguiu-se no zelo pela unidade da Igreja e no apostolado incansável do sacramento da reconciliação. Foi trabalhar no Convento de Cezerna, na Polônia, país em que fundou diversas comunidades.
O grande reconstrutor da Ordem dos Carmelitas na Polônia subiu a pátria celeste no dia 15 de novembro de 1907, em Vadovice, cidade natal do papa João Paulo II que o canonizou em 1991.
A festa em memória a são Rafael de São José foi indicada para o dia 19 de novembro.
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