Etimologicamente seu nome significa “de cabelo crespo”. Santa Crispina e seu martírio são comprovados por dois documentos de grande valor histórico. Um é a Passio, tirada das Atas oficiais do processo. O outro é um sermão de Santo Agostinho, conterrâneo da mártir, pronunciado no aniversário de sua morte.
Ela possuía muito dinheiro e filhos para alimentar e educar. Vivia em Tebaste, África, no final do século III e começos do IV. A graça de Deus tocou seu coração. Resplandecia diante de todos por sua virtude e todos, já em vida, começaram a chamá-la a “santa”.
Sua saúde não era muito boa, mas ela compensava tudo com a fortaleza de sua alma. Os fieis de Cristo Nosso Senhor a estimavam e respeitavam com carinho profundo. Era uma boa conselheira em assuntos cristãos e humanos. As duas coisas vão intimamente unidas. As orientações que dava eram acertadas.
Santo Agostinho comenta seu sacrifício brilhante: “Os perseguidores eram tão furiosamente contra Crispina, contra esta mulher rica e delicada, mas ela era forte, porque o Senhor era a sua proteção … Esta mulher, irmãos, há alguém na África que não a conheça? Foi muito notável, de família nobre e muito rica, mas sua alma não cedeu: o corpo é que devia ser afetado”.
Ela foi levada diante do juiz Anulino, que lhe fez muitas perguntas. A Passio, com base no diálogo entre o juiz e Crispina, nos faz ver como esta mulher tenazmente se recusou a “sacrificar aos demônios”, resistindo a qualquer ameaça para não “sujar sua própria alma com os ídolos, que são feitos de pedra, fabricado pelo homem”.
Antes dela provavelmente foram condenados outros cristãos. Na verdade, os calendários dão os nomes de Júlio, Potamia, Felix, Grato e outras sete pessoas. Assim, o juiz perguntou: “Você quer viver muito ou morrer entre as torturas como seus cúmplices?”. “Se eu quisesse morrer – disse ela – eu não deveria fazer outra coisa que dar o meu consentimento aos demônios, deixando que a minha alma se perdesse no fogo eterno”.
Eles emitiram a sentença “em conformidade com os requisitos da lei de Augusto”. Crispina ouviu bendizendo ao Senhor. Em seguida, no dia 5 de dezembro de 305, ela foi atingida no frágil pescoço pelo fio da espada, fora de Tebaste, em um lugar onde foi encontrada a antiquíssima memória sepulcral dedicada à Mártir.
Em seu sermão, Santo Agostinho não hesita em comparar Crispina a Santa Inês, aproximando a jovem cândida e intacta como um cordeiro a uma mulher idosa, esposa e mãe. Agostinho também menciona a comunhão sublime e misteriosa que une os mortos aos vivos, os santos aos sofredores. “Estes Santos, – diz ele – não sofrem mais; estão aqui entre nós”.
O que era verdade para Santo Agostinho ainda é verdadeiro e reconfortante para nós. Vivamos no meio dos Santos, e o seu sacrifício vai nos ajudar.
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