Ressurreição, utopia ecumênica – Pe. Elias Wolf

Ecumenismo é vida pascal, superação do fracasso da divisão e da exclusão que leva à morte. Vitória da comunhão que incide na história do ontem, do hoje, do sempre. O tempo se eterniza, o mortal, o passageiro, o efêmero caducam. E o factum, o destino implacável da existência, tem uma saída: ressuscitar. Na ótica da ressurreição a vida pode ser dramática, mas não trágica. As dores, as frustrações, os dramas existenciais, se transformam num processo permanente de libertação. Um sussurro, uma palavra, um abraço, um aperto de mão…, são caminhos de ressurreição. Fazem a vida explodir de beleza, irradiante, abundante. Refaz-se o tecido da existência. Ressurreição, dimensão de infinitude em cada criatura, plenitude da história.

Vida é ressurreição. O túmulo está vazio. O Espírito de vida paira sobre toda realidade, penetrando-a em profundidade, fortalecendo, transformando e fecundando tudo o que existe. Vida é ânsia do absoluto e ressurreição é plenitude absoluta da vida. Vida é anseio de amor e ressurreição é super-abundância de amor, livre e gratuito. Amorização total do ser e do existir. Vida é comunhão e ressurreição é reconciliação de toda oposição que divide.
 
A ressurreição mostra que a realidade primeira e última é a vida, jorrando do eterno. Sua luz ilumina os recônditos mais escuros da casa da existência, realiza a utopia, antecipa a posse do futuro. Ressurreição-Vida-Deus, uma tríade unificada no Espírito da vida. “Deus” palavra vazia se não for pronunciada num horizonte de vida, por um ser vivente. Deus-Vida, Deus-da-Vida, vida em Deus, comuhão de sentido. Na mesma medida em que Deus é a condição da Vida, a vida é o sentido de Deus.
 
“Vida”, celebrada pelas igrejas e religiões. Vida sacralizada, sacramentada e, por vezes, profanada. Mistério cultuado e venerado, as vezes violado. Vida dada em sacrifício a um deus; vida tirada do sacrifício por Deus. Vida eternizada na liturgia, e também martirizada na idolatria. Ambiguidade do ato de viver-morrer, religiosamente. Quando as igrejas e as religiões não mais conseguirem compreender e transmitir o significado de “vida”, elas já não mais têm razão de ser.

Celebrar a ressurreição é um culto à vida. Vida para viver, não vida para morrer. É mergulhar na vida que surge com a potência criadora do Espírito, jovial e graciosa. Não a vida oferecida no altar do sacrifício, mas a vida contemplada e adorada no mistério que envolve o cenáculo.   
É então que as igrejas e as religiões tornam-se espaços onde a vida é acariciada, cultivada, fortalecida. Igrejas e religiões são espaços de vida, chamadas a transformarem a vida em mais-vida. Para alguns, mais-vida é simplesmente um viver mais, aqui ou na eternidade. Na fé é viver melhor, salvação. Mais-vida é  ressurreição.

Ressurreição é viver melhor: com os outros e para os outros, com-unidade: convívio das criaturas, comunhão, fraternidade. Eis a profecia maior, o credo das igrejas e das religiões. Ressuscitar para a com-unidade não é o fim do caminho, mas o próprio caminhar; não apenas o que será, mas o que “se é”, no presente: com-unidade. Ressuscitamos para ser-com-os-outros, solidariedade. Na com-unidade dos ressucitados não há oposição de credo, raça, cor… Ressurreição é a utopia da comunhão, utopia ecumênica.

Pe. Elias Wolff – Assessor da Comissão Episcopal para o Ecumenismo da CNBB

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