Acolher os cegos, coxos e aleijados, para a sociedade judaica, era acolher os pecadores; o defeito físico, a doença e a miséria eram vistos como consequências do pecado.
Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News
Acolher os cegos, coxos e aleijados, para a sociedade judaica, era acolher os pecadores; o defeito físico, a doença e a miséria eram vistos como consequências do pecado.
No Evangelho, Jesus está jantando na casa de pessoas importantes da sociedade judaica. Ele observou, não apenas neste jantar, mas em diversas refeições de que participou, especialmente em banquetes, que as pessoas faziam verdadeiras ginásticas para estarem em lugar de destaque, próximos do anfitrião ou do homenageado. Ele aproveitou o momento para fazer algumas observações que não são de etiqueta, mas de postura em relação ao Reino do Céu.
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Ele inicia quebrando certa visão conservadora de Deus e de relacionamentos “queridos” por ele.
Para Jesus não existe um Deus distante das pessoas e nem a necessidade de render-lhe homenagem com mortificações, penitências e jejuns. O Deus de Jesus Cristo é o Emanuel, Deus Conosco, que vem armar sua tenda em nosso meio, que vem participar de nossas alegrias e tristezas, que vem viver a nossa vida e nos quer ver alegres, felizes, em paz.
Em seguida, o Senhor faz uma advertência sobre quem convidar para o festim.
Os convidados deverão ser os coxos, os aleijados, os excluídos, aqueles que jamais poderão retribuir o convite. Dentro da tradição, os convidados seriam irmãos, parentes, amigos e vizinhos. Jesus, rejeitou esse costume e deu novas orientações, como vimos.
Jesus dá o alerta em relação aos marginalizados, aos esquecidos. É com eles, com os que estão presentes apenas para servir, que o Senhor se identificou. Do mesmo modo Maria, nas Bodas de Caná, se identificou com os servidores, por isso ela percebeu a falta de vinho. Se estivesse sentada à mesa, não perceberia, mas como certamente estava ajudando a servir, apesar de convidada, percebeu.
Neste momento poderemos nos perguntar de que lado nos posicionamos? Qual é nosso lugar social no mundo em que habitamos? Lugar social não tanto de nascimento, mas de opção. Colocamo-nos ao lado dos ricos, dos incluídos ou nos identificamos com os despossuídos?
Depois o Senhor entra na questão do acolhimento. Banquete, almoço, jantar ou uma simples refeição, supõe acolhida. Acolhemos apenas os sadios, os perfeitos, os íntegros, os santos, ou temos espaço para os doentes, para os que levam vida irregular e estão fora do politicamente e eticamente aceito?
Acolher os cegos, coxos e aleijados, significava na sociedade judaica acolher os pecadores, já que o defeito físico, a doença e a miséria eram vistos como consequências de pecados.
Jesus não está se referindo a uma refeição concreta, mas a uma postura de vida que aceita os puros, perfeitos, santos aos olhos dos valores éticos de nossa sociedade e rejeita aqueles que deveriam estar cobertos de vergonha pela vida que levam ou que levaram, pelas suas opções erradas, pela demonstração pública de que rejeitaram as inspirações para o bom caminho. Podemos pensar nos alcoólatras, drogados, viciados em jogos de azar, prostitutas e outros praticantes de atitudes que desabonam mocinhas e mocinhos virtuosos.
Concluindo nossa reflexão, peçamos ao Senhor a graça de mudarmos nosso lugar social e de nos identificarmos com aqueles que ele, sua e nossa bendita Mãe, se identificaram, ou seja, com os pobres, com os marginalizados.
Que a celebração eucarística, que nossa presença na igreja durante a missa, seja sinal do que acontece em nosso interior, e sintamo-nos irmanados com aquele que estiver ao nosso lado, seja conhecido ou não, bem apresentável ou não.
Não importa tanto se em nossa vida é frequente esse tipo de refeição, mas é fundamental que isso faça parte de nosso coração, de nosso querer, de nossa identificação, de nosso lugar de fé.
Fonte:https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2022-08/reflexao-para-o-xxii-domingo-do-tempo-comum.html