Dom Rafael Biernaski
Bispo de Blumenau(SC)
A Liturgia quaresmal converge para o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus. Na experiência do deserto, com o Senhor, na firme rejeição do mal, na superação das tentações, na penitência e na busca da vontade de Deus, o discípulo missionário que foi inserido na comunidade do Mestre percorre o caminho do despojamento e da purificação interior, mediante a oração, o jejum e a esmola. Uma caminhada interior, de penitência, de transformação pessoal e comunitária.
Nesta dinâmica de acolhida da experiência quaresmal, a Campanha da Fraternidade deste ano de 2017 “se apresenta como um instrumento à disposição das comunidades cristãs e de todas as pessoas de boa vontade para enfrentar, com consciência crítica, o tema dos biomas brasileiros e a defesa da vida”. Conversão que significa um “voltar-se para a vida da criação que nos cerca”, o nosso bioma, a “Mata Atlântica”.
O que fazer para revelar nossa conversão, à luz da Campanha da Fraternidade? O Capítulo III do Texto-base nos ajuda: retomar as questões da Campanha da Fraternidade 2016, renovando os esforços por saneamento básico; não desmatar morros, encostas, áreas de preservação e matas ciliares; aprofundar estudos e promover debates nas escolas sobre o tema da CF 2017; fortalecer a ecologia integral que começa com os pequenos gestos: colocar o lixo somente no lixo…; promover rodas de conversa na catequese, nos grupos de reflexão, nos encontros de casais, nos encontros pastorais e nas instâncias da sociedade civil.
Em nossa Diocese de Blumenau, em preparação a esta Campanha da Fraternidade, nossas Comarcas realizaram seminários de estudo com as lideranças sobre os biomas brasileiros com o objetivo de refletir e propor caminhos para uma convivência ambiental sustentável. A nossa caminhada junto ao Núcleo Ecumênico permite celebrar e refletir juntos sobre este Tema de 2017.
No dia 05 de março, na Catedral São Paulo Apóstolo, teremos uma celebração ecumênica de abertura da Campanha de 2017. É ocasião propícia também para apoiar projetos de conscientização e preservação ambiental presentes em nossas comunidades e paróquias. São gestos que revelam nossa responsabilidade pela “casa comum”: Cultivar e cuidar da criação (Gn 2,15). “Uma pessoa de fé que faz sua caminhada quaresmal rumo à Páscoa, ao tomar consciência da realidade do modo como são tratados os biomas brasileiros, não poderá ficar indiferente” (Texto-base). Faço votos de que estejamos todos inseridos neste caminho em defesa da Criação, dom de Deus, Senhor da Vida.