“A Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: ‘Mostrai-nos Jesus’. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na trilha de Maria” – Papa Francisco.
Padre Ricardo Fontana, reitor do Santuário de Caravaggio
Maria é aquela Mulher que atravessa toda a história da salvação do Gênesis ao Apocalipse, por isso ela é ícone da Igreja. Ela é a Mulher que vence a Serpente, que havia vencido a mulher: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15). Foi o Papa Paulo VI, no final da terceira sessão do Concílio Vaticano II, em 21 de novembro de 1964, a declarar a Bem-Aventurada Virgem “Mãe da Igreja, isto é, de todo o povo cristão, tanto dos fiéis como dos pastores que a chamam de Mãe amantíssima”. Mais tarde, em 1980, João Paulo II inseriu nas Ladainhas Lauretanas a veneração a Nossa Senhora como Mãe da Igreja. O Catecismo da Igreja Católica declara: “A Virgem Maria… É reconhecida e honrada como sendo verdadeiramente a Mãe de Deus e do Redentor…. Ela é «claramente a mãe dos membros de Cristo… Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja” (CIC, 963s).
Com o Decreto “Ecclesia Mater”, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, publicado em 3 de março de 2018, o Papa Francisco determinou a inscrição da Memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, no Calendário Romano Geral, na segunda-feira depois da Solenidade de Pentecostes. O objetivo dessa celebração está brevemente descrito no Decreto: “Favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos Pastores, nos religiosos e nos fiéis, como, também, da genuína piedade mariana”. Graças ao seu sim e à sua fidelidade contínua ao amor de Deus, a Virgem Maria é a testemunha particular do Verbo Encarnado. Ela é a memória viva e vivificante do seu Filho e, por isso, Ela permanece na Igreja e nela está presente de modo materno. Desse modo, Ela continua a guardar no seu coração tudo aquilo que vive a Igreja, o Corpo Místico de Cristo e, por ser a Mãe da Igreja, Maria zela para que seus filhos mantenham a unidade da fé.
Em Caná, percebemos como Ela cuida dos seus filhos, que como Mãe amorosa e cuidadosa percebe que naquela festa de casamento “já não têm vinho” (Jo 2,3) e intercede ao seu Filho para ajudá-los e assim realizar o seu primeiro milagre (transformar a água em vinho). Essa passagem nos aumenta a confiança na intercessão de Maria e nos faz lembrar daquela expressão popular: “pede à Mãe que o Filho atende!”. “Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa. (Jo 19, 26-27)”; neste momento Maria se torna mãe da Igreja, com a missão de levar seus filhos ao encontro do seu filho Jesus. Depois da ascensão de Jesus aos céus, no Cenáculo, Maria encoraja os discípulos temerosos, invocando a presença do Espírito Santo sobre eles em Pentecostes. (Ver At 1,14. 2,1-47) Mesmo depois de sua Assunção, a maternidade espiritual de Nossa Senhora está presente na história da Igreja; suas aparições na história da Igreja: Lourdes, Fátima, Guadalupe, dentre outras.
Maria, Mãe de Deus e da Igreja, ajudai-nos a permanecer no seio acolhedor da Igreja, o Povo santo de Deus, participando sempre mais das graças dos Sacramentos, testemunhando a beleza do Evangelho e os sinais da devoção mariana. Maria, doce Mãe da Igreja, continuai a interceder do céu por todos nós, seus filhos indignos e necessitados, que não se cansam de suplicar a sua poderosíssima intercessão. Maria, Mãe da Igreja, rogai por nós!