Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo de Uberaba – MG
Ficou muito longe o tempo, em que o número de nascimentos, encostava no índice 7.0 filhos por mulher (1940). As famílias eram numerosas, e não havia premura de espaço, ou escassez de alimentos. O estímulo à natalidade provinha sobretudo do meio rural, onde o número de mortes infantis era muito elevado. Se naquela época a porcentagem de habitantes no mundo rural, era de aproximadamente 80%, hoje se inverteu a situação: a porcentagem de moradores no meio urbano chega a essa mesma porcentagem, arrebatando a posição rural. Hoje, o homem do campo ocupa pobres 20%. Com isso, os costumes também mudaram, e mudou a própria família. Por se manifestarem dificuldades de espaço, e muitas vezes também de alimentação, a taxa de nascimentos no meio urbano caiu num perigoso abismo: 1,8 filhos por mulher (2008). Isso significa que o nosso país vai parar de crescer demograficamente. Cada censo irá demonstrar que a população está decrescendo. Vai haver mais mortes do que nascimentos. A lógica da manutenção da cultura de um povo exige que cada casal tenha pelo menos três filhos. “A herança do Senhor são os filhos” (Sl 127, 3). Penso que essa passagem para um patamar deficitário, vai prejudicar muito o nosso país. Ficamos expostos à invasão cultural de povos, cujo índice de natalidade é superior ao nosso.
Paulo VI havia alertado a Europa sobre as conseqüências da mentalidade anti-natalista. Mas esses países todos consideraram as famílias numerosas, dignas de lástima. E todos eles passaram a ter, por casal, 1,6 filhos, ou até 1,2. Hoje colhem o resultado desse equívoco histórico: os países muçulmanos estão invadindo as nações européias, e já contam com mais de 50 milhões. Prevê-se que em 2030 eles serão maioria. E adeus civilização ocidental. Não foi por falta de aviso. Que o número de filhos seja planejado pelos pais, a ponto de só terem os filhos que podem educar, é normal. Mas não é normal usar meios ilícitos como a esterilização, e o aborto. Está faltando uma verdadeira educação para a vida de família. A prova dessa deficiência está neste fato: os nascimentos provindos de moças ingênuas, fora do casamento, alcança 20% em algumas regiões.
Site CNBB, 08/12/2009