Por Dom Jesús Sanz Montes, ofm
Publicamos o comentário ao Evangelho de domingo, 16 de maio, da Ascensão do Senhor (em vários países), 7º domingo da Páscoa (Lucas 24,46-53), de autoria de Dom Jesús Sanz Montes, ofm, arcebispo de Oviedo, administrador apostólico de Huesca e de Jaca.
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Houve alguém na história que realizou o sonho de Deus para o homem, alguém que não transformou este sonho em pesadelo, alguém que foi feliz na única dependência que nos torna livres: a de Deus. Toda a história precedente estava por demasiado repleta de outras alternativas além daquela oferecida por Deus: os frutos proibidos do Éden, as confusas torres de Babel, os ídolos de deuses falsos. Jesus inaugurou uma nova maneira de ser e de estar diante de Deus, diante dos homens e do mundo. Com o cumprimento da vida terrestre do Senhor, não termina aqui sua missão. Porque esta novidade de um povo, por Ele inaugurada, não se concluiu com sua Ascensão para o Pai. Jesus, ao entrar no céu, abre as portas que até então estavam fechadas por todos os pecados e tormentos humanos.
Lucas, que inicia seu evangelho no templo, quando Jesus menino é apresentado, também o conclui no templo, apresentando os discípulos de Jesus como portadores de sua presença e porta-vozes de sua Palavra.
Ainda têm de esperar pela chegada do Espírito prometido, para que sejam revestidos da força que vem do alto. Aqueles discípulos ficaram atônitos diante dessa despedida, diante do adeus menos desejado e mais temido, o adeus d’Aquele a quem mais amaram e amarão os homens que realmente souberam amar. Por isso, os anjos arrancaram os discípulos de sua imobilidade, para dizer-lhes o mesmo que Jesus havia dito: não fiquem parados, olhando para o céu. Há muito a fazer.
Não era uma despedida, a de Jesus, para provocar nostalgias românticas nem sentimentalismos tristes. Era um adeus para um novo encontro com quem prometeu estar, de outro modo, entre eles "até o fim do mundo". Por isso, "em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria", com uma atitude muito diferente da de alguns dias atrás, quando se esconderam por medo dos judeus. Assim como o Pai enviou Jesus, agora este envia seus discípulos. Deverão agora contar para todos o que viram e ouviram, o que tocaram com suas mãos, sua convivência com o Filho de Deus. E Jerusalém se encherá de alegria, a alegria destes discípulos, colocada em seus corações por Jesus e que nada nem ninguém lhes poderá tirar.
ZENIT, 14/05/2010