Por Antonio Gaspari
Ainda que com certo atraso, a Igreja italiana, os grupos católicos, as paróquias e as ordens religiosas estão conquistando espaço cada vez mais vasto na galáxia telemática.
Uma pesquisa conduzida por pesquisadores do Instituto de Informática e Telemática do Conselho Nacional de Pesquisas Italiano de Pisa (II-CNR) mostrou que, com 30 mil sites, mais de meio milhão de páginas na web e quase 2 mil blogs, a religião católica conta com uma forte presença entre os sites italianos na internet.
O número de 562.574 páginas com conteúdo católico representa 1,76% do total analisado, mas este percentual se torna mais significativo quando se considera que as páginas destinadas a assuntos políticos representam cerca de 2,9% do total.
A força do catolicismo na rede e seu contínuo crescimento foram destacados por Francesco Diani, curador do site (www.siticattolici.it), o qual, trabalhando em sua tese “Pastoral e Informática”, iniciou a catalogar os diferentes sites católicos italianos, que ao final dos anos 90 eram apenas 243.
Hoje, já são quase 14 mil os sites catalogados por Diani. Destes, um quarto (3.460) está associado a paróquias, igrejas, oratórios ou grupos paroquiais. Seguem 2.545 sites de associações e movimentos eclesiais. Em terceiro lugar, estão as ordens e institutos religiosos, com 1.689 sites.
Em termos de crescimento, Diani revelou que nos últimos três anos foi verificado um crescimento constante de 24,2% ao ano – um dos maiores da web. Em termos de localização geográfica, a Lombardia está na frente com 740 sites, seguida de Triveneto (376), Sicília (334) e Lácio (314). Entre as ordens e institutos religiosos, os Franciscanos lideram, com 166 páginas.
No que diz respeito ao modo pelo qual os sacerdotes vêm fazendo uso das novas tecnologias em suas atividades pastorais, em 15 de abril passado, durante a coletiva de imprensa da convenção “Testemunhos digitais”, Lorenzo Cantoni, professor da faculdade de ciências da comunicação da Universidade da Suíça Italiana, ilustrou alguns resultados da pesquisa intitulada “Picture” – acrônimo de Priests’ Ict use in their Religious Experience.
O estudo foi conduzido com o apoio da Congregação para o Clero, e realizado pelos laboratórios NewMinE-New Media in Education Lab e pelo webatelier.net, da Universidade da Suíça Italiana, em colaboração com a Pontifícia Universidade da Santa Cruz de Roma.
Os resultados são surpreendentes: 92% dos padres entrevistados declararam acessar a internet todos os dias – um número ligeiramente superior à média mundial (90,4%).
No que se refere à utilização da rede no preparo das homilias, 49,5% dos sacerdotes na Itália buscam material na internet ao menos uma vez por semana; destes, 9,2% o fazem todos os dias. 32,5% fazem pesquisas ocasionalmente (uma vez por mês). Apenas 15,3% declaram não fazer uso da internet para esse propósito.
Para a formação, 27,7% dos sacerdotes italianos estudam on-line quase todos os dias, 59% ao menos uma vez por semana. Apenas 13,3% não o fazem nunca.
Dos sacerdotes entrevistados, 37,8% estão de acordo com a afirmação de que as tecnologias permitem melhorar a formação dos sacerdotes.
À pergunta sobre quais instrumentos eles consideram muito ou muitíssimo úteis para o aprendizado, 18,8% dos entrevistados indicaram os livros e as revistas, seguidos pelas ferramentas de busca (18,3%) e de notas de aula (16,4%).
Uma leitura combinada destes dados evidencia o grande interesse pelas tecnologias digitais, combinadas, porém, com as demais estratégias de aprendizagem.
Entre os sacerdotes italianos, 39,9% não fazem uso da internet para pregar, mas outros 19,1% fazem uso diário da internet para este fim (especialmente para recitar a liturgia das horas).
Apenas 14,2% dos sacerdotes na Itália consideram a internet muito útil para pregar (9,9% no mundo), enquanto que 40,1% não a consideram útil para este propósito (32,3% no mundo).
No entanto, mais de 51% dos sacerdotes consideram “muito positivo” o uso da internet para a difusão da fé, e mais de 63% estão “de acordo” ou “muito de acordo” ao considerar as novas tecnologias como meios de inculturação da fé.
Em particular, 61,1% estão “de acordo” ou “muito de acordo” com a afirmação de que as novas tecnologias permitem evangelizar melhor os jovens.
No que se refere à comunicação, 68,3% dos sacerdotes consideram a internet útil para se comunicar com outras pessoas. 30,6% acessam redes sociais na internet todos os dias, 17,1% semanalmente e 7,0% mensalmente, enquanto 36,4% declaram não fazer uso de tais redes.
À pergunta sobre o quanto as novas tecnologias melhoraram o modo pelo qual exercem sua missão sacerdotal, 33,4% consideram tal uso muito positivo (valores 4 e 5), 50,6% as consideram de alguma importância (valores 2 e 3), enquanto 15,9% consideram sua importância muito limitada ou nula (valores 0 e 1).
Quanto aos perigos associados a tais tecnologias, 35,7% afirmam que as oportunidades sejam superiores aos riscos, enquanto 18,1% acreditam que os perigos sejam maiores que as oportunidades oferecidas.
Os sites indicados como de maior utilidade na experiência sacerdotal são: vatican.va, qumran.net, chiesacattolica.it e avvenire.it, maranatha.it, lachiesa.it, zenit.org.
ZENIT, 22/04/2010