Traição de Judas, uma advertência para todos nós – Pe. João Bachmann

A reflexão abaio foi apresentada por seus autor, Pe. João Bachmann, aos padres e seminaristas estudantes de teologia d Diocese de Blumenau, na tarde de quarta-feira santa, durante Celebração Penitencial. 

                      

 “Em verdade, em verdade vos digo: um de vós me entregará” (Mt 26,21)

 O maior pecado de Judas não foi a traição, mas considerar a sua traição maior do que a graça de Deus. Judas cheio de remorso, ao invés de mergulhar na graça, dá fim à sua vida!

O pecado não se apodera do coração repentinamente, se não aos poucos. Pedro, por diversas vezes, descuidou-se e caiu, mas soube se levantar a tempo, antes que fosse tarde, fugindo de toda aparência do mal, vigiando e orando.

Na primeira carta de João, o apóstolo mais amado, lemos recado para aqueles convertidos ao Evangelho que pecaram: “Filhinhos meus, essas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos um advogado junto ao Pai, Jesus Cristo o Justo” (1Jo 2,1). Devemos viver da prática de boas obras (Cf Tt 3,8) e não práticando o pecado que nos separa de Cristo e da sua santidade. A figura de Judas faz-nos imaginar o processo interno que ele viveu, que, evidentemente, não foi nada fácil.

A Igreja, desde seus primórdios, interpreta a traição de Judas Iscariotes como um exame de consciência, pois a resposta de Jesus pode dirigir-se a novos traidores de sua pessoa. Nós precisamos fazer o nosso exame de consciência, pois trazemos dentro de nós potenciais traições quando pecamos ou quando negamos a Deus e a nós mesmos. Judas não chama Jesus de Senhor como os outros discípulos, mas o chama de Rabi, que quer dizer mestre (Cf. Mt 26,25)).

É preciso fugir dos pequenos e grandes pecados que possam me tornar um outro Judas. Eu não posso perder a chance de confessar-me ao sacerdote e receber de Deus a misericórdia ofercida ao coração arrependido.

Pedro também negou e traiu Jesus. Ele, porém, reconheceu o seu pecado e chorou, lavando-se na misericórdia do Senhor.

“Quem abandona as alturas, como o iscariotes, cai pelo seu próprio peso no mais profundo abismo.  Ninguém se torna amigo fiel ou traidor de Cristo de uma hora para outra. Judas perdeu-se por se ter encerrado obstinadamente no seu próprio eu. Chegou à situação não sair dos seus próprios pensamentos egoístas. Essa atitude já era uma traição ao Senhor, muito antes de se concretizar naquela infame venda.

O Senhor, vendo que muitos se afastavam d’Ele, após ter anunciado a Eucaristia, quis também colocar os doze perante o dilema, ao perguntar: "Quereis vós também retirar-vos?" Pedro, então, respondeu com convicta confiança: “Senhor a quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna".

Judas, pelo contrário, resmoía-se no seu intimo, sem se atrever a recriminar Jesus por ter renunciado ao reinado temporal e, assim, ter destruído os sonhos de poder e de glória que o apóstolo havia forjado para si mesmo. Judas ficou desiludido.

Essa obstinada e mal-intencionada pretensão diante do plano do Pai a respeito de Jesus foi o começo da sua traição.

Judas, cada vez mais instável, ia compreendendo com clareza crescente que o Senhor não corresponderia às suas ambições terrenas.

Judas Ressentido

Quando Judas criticou Madalena, por estar ungindo os pés de Jesus com valioso balsamo, o Senhor disse: "Por que vos escandalizais com a atitude desta mulher? Ela maniffestou amor para comigo (Mt 14,7)".  Judas não resistiu a essa pública repreensão e, diabolicamente ferido, tomou o pretexto desse “esbanjamento reprovável” para viver no seu interior o que por tanto tempo alimentara em seu íntimo.

Na Santa Ceia

Nosso Senhor anuncia a traição. São João pergunta: "Quem é?" Jesus responde: "É aquele a quem eu der o bocado que vou molhar". E molhando o bocado, tomou-o e deu-o a Judas (Jo 13,21-30). Aquele pedaço de pão oferecido a um comensal era comum nos banquetes; não podia chamar a atenção. Era uma manifestação de afeto para com um amigo. Cristo não atraiçoa, nem o entrega ao furor dos outros apóstolos, seus companheiros.

A insolência de Judas vai ao ponto de perguntar: “porventura sou eu mestre" Mt 26,25)? Cristo olhou-o como só Deus pode olhar, e respondeu-lhe serenamente: "Tu o disseste". Desiludido com Jesus, afagado pelos inimigos, ferido por uma repreensão e, por fim desmascarado, Judas foi se afundando cada vez mais no abismo, até tornar quase impossível o arrependimento.

Diz o Salmo 54,13-15: “Se a ofensa viesse de um inimigo, eu teria suportado; se a agressão partisse de quem me odeia, dele me teria escondido. Mas tu, meu companheiro, meu amigo intimo, que te sentavas à minha mesa e comias comigo doces manjares”!

A queda de Judas representa para nós uma advertência: um homem bom, escolhido e preparado por Deus para realizar uma grande missão; um homem que conviveu intimamente com o próprio Jesus, e que tinha todas as condições para ser fiel até o fim e muito santo, caído tão fundo.

Pe. João Bachmann, Vigário Geral da Diocese e Cura da Catedral

Fotos: Pe. Raul Kestring 

 

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