«Somos servos inúteis» – Papa Bento XVI – Encíclica «Deus caritas est», § 35

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Leituras Bíblicas

“Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68)!

Dia 03 de outubro de 2010

27º Domingo do Tempo Comum – Ano C

A Igreja celebra hoje: São Dionísio Areopagita (Século I) – Leia sua vida clicando: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/santo.aspx?Dia=3&Mes=10

Livro de Habacuc 1,2-3.2,2-4:

Até quando, Senhor, pedirei socorro, sem que me escutes? Até quando clamarei: «Violência!», sem que me salves?
Porque me fazes ver a iniquidade e contemplar a desgraça? Diante de mim só vejo opressão e violência, nada mais do que discórdias e contendas.
Então o Senhor respondeu-me: «Escreve a visão, grava-a em tabuínhas, para que possa ser lida facilmente.
Porque é uma visão para um tempo fixado: ela aspira pelo seu termo e não falhará. Se tardar, espera por ela igualmente; que ela cumprir-se-á, com toda a certeza não falhará.
Eis que sucumbe o que não tem a alma reta, mas o justo viverá pela sua fidelidade.»

Livro de Salmos 95(94),1-2.6-7.8-9:

Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o rochedo da nossa salvação.
Vamos à sua presença com hinos de louvor, saudemo-lo com cânticos jubilosos.
Vinde, prostremo-nos por terra, ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou.
Ele é o nosso Deus e nós somos o seu povo, as ovelhas por Ele conduzidas. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
"Não endureçais os vossos corações, como em Meriba, como no dia de Massa, no deserto,
quando os vossos pais me provocaram e me puseram à prova, apesar de terem visto as minhas obras.

2ª Carta a Timóteo 1,6-8.13-14:

Por isso recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos,
pois Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso.
Portanto, não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus.
Toma como modelo as sãs palavras que ouviste de mim, na fé e no amor de Cristo Jesus.
Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado.

Evangelho segundo S. Lucas 17,5-10.:

Os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé.»
O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a essa amoreira: ‘Arranca-te daí e planta-te no mar’, e ela haveria de obedecer-vos.»
«Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, quando ele regressar do campo: ‘Vem cá depressa e senta-te à mesa’?
Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, enquanto eu como e bebo; depois, comerás e beberás tu’?
Deve estar grato ao servo por ter feito o que lhe mandou?
Assim, também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.’»

Comentário ao Evangelho do dia feito por
Papa Bento XVI
Encíclica «Deus caritas est», § 35 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana)

«Somos servos inúteis»

Este modo justo de servir torna humilde o agente. Este não assume uma posição de superioridade face ao outro, por mais miserável que possa ser de momento a sua situação. Cristo ocupou o último lugar no mundo — a cruz — e, precisamente com esta humildade radical, redimiu-nos e ajuda-nos sem cessar. Quem se acha em condições de ajudar há de reconhecer que, precisamente deste modo, é também ele próprio ajudado; não é mérito seu nem título de glória o fato de poder ajudar. Esta tarefa é graça.

Quanto mais alguém trabalhar pelos outros, tanto melhor compreenderá e assumirá como própria esta palavra de Cristo: «Somos servos inúteis» (Lc 17,10). Na realidade, essa pessoa reconhece que age, não em virtude de uma superioridade ou de uma maior eficiência pessoal, mas porque o Senhor lhe concedeu este dom. Às vezes, a excessiva vastidão das necessidades e as limitações do próprio agir poderão expô-lo à tentação do desânimo. Mas é precisamente então que lhe serve de ajuda saber que, em última instância, não passa de um instrumento nas mãos do Senhor; libertar-se-á assim da presunção de ter de realizar, pessoalmente e sozinha, o necessário melhoramento do mundo. Com humildade, fará o que lhe for possível realizar e, com humildade, confiará o resto ao Senhor. É Deus quem governa o mundo, não nós.  

 

 

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