Em nota, bispos do Brasil apoiam o CIMI – RV
26/06/2017 09:00
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Porto Velho (RV) – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, manifestou apoio ao Conselho Indigenista Missionário, Cimi, que está recebendo acusações ‘infundadas e injustas’.
Em nota divulgada pela Presidência da entidade nesta quinta-feira, (22/06), a Conferência manifesta seu total apoio e solidariedade ao Cimi, alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito denominada CPI da Funai e Incra, que indiciou mais de cem lideranças indígenas, antropólogos, procuradores da República e pessoas ligadas ao próprio organismo. No texto, aprovado pelo Conselho Permanente, os bispos ressaltam o aumento da violência no campo no período de funcionamento da CPI.
A palavra a Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho e Presidente do Conselho Indigenista Missionário:
“Paz e bem a todos os ouvintes da RV. Queria, na condição de Presidente do CIMI, louvar e bendizer a Deus por este gesto de ternura e de carinho que o Conselho Permanente da CNBB, com a Presidência da CNBB consequentemente, manifestou ao CIMI através da nota em defesa dos direitos indígenas e do trabalho que o CIMI realiza”.
“Nós não fomos ouvidos. Foram requentadas as acusações infundadas da CPI do CIMI na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul”.
“Nós continuamos caminhando na certeza de que não são estas ameaças da Bancada alimentada pelo agronegócio e pela corrupção que o mundo inteiro está acompanhando que vai amedrontar o sonho e a esperança dos povos indígenas e de seus aliados”.
Acusações não podem fazer retroceder os direitos adquiridos
“Não é buscando amedrontar que vão interromper o caminho que a Constituição de 1988 estabeleceu para os povos originários e os povos afrodescendentes”.
“Não se pode perder os direitos construídos a duro sacrifício. Por isso, a CPI se tornou parcial, unilateral e antidemocrática, na medida em que também alimentou a violência no campo ao longo do seu funcionamento. Os dados das mortes e assassinatos no campo são uma demonstração palpável dos caminhos que a CPI Funai-Incra alimentou neste período”.
Única defesa é a missão confiada pelo Senhor
“Como nos defender das acusações? Nós não temos como nos defender, a não ser com a convicção da missão que o próprio Senhor nos pede: de sermos testemunhas dele, de abraçarmos a sua Cruz e acima de tudo, ter a certeza de que a verdade nos libertará”.
“O CIMI não é movido por interesses ideológicos, nem por concepção de A, B, ou C, mas é movido pelo espírito do Evangelho, aonde o próprio Jesus deu sua vida e proclamou que veio para que todos tenham vida e vida em abundância”.
“Num país de tantos escalabros, de tantas injustiças, aonde a vida não é respeitada, sobretudo a dos pequenos, é preciso gritar. Se nós não gritarmos, as pedras vão gritar”.
“Muito obrigado a todos os ouvintes da RV e peço orações para que verdadeiramente a Igreja no Brasil seja corajosa e destemida na defesa dos pobres e dos desvalidos destas terras”.
(CM)