Em reação à opinião recentemente difundida de que o Haiti teria sido devastado por uma “punição divina”, um bispo do país manifestou-se destacando o amor e a misericórdia oferecidos por Deus à população do país em meio a esta gravíssima crise.
Em uma mensagem dirigida às vítimas do terremoto e a todo o povo haitiano, Dom Guy Poulard, bispo de Les Cayes, reafirmou que o desastre foi provocado por um fenômeno natural.
Diz ainda que "não vivemos mais o tempo do Antigo Testamento", e que a mensagem do Novo Testamento não é a de um Deus punitivo, mas do Deus que, conforme escrito no Evangelho de São João, “amou tanto a ponto de entregar seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele creia não morra, mas receba a vida eterna”.
“Nossa desolação não é uma maldição divina”, continuou. “A ciência mostra que a natureza tem suas leis, cuja força está além das capacidades do intelecto humano”.
Destacando que o desastre não poderia ser previsto, louvou os esforços nacionais e internacionais para socorrer as vítimas, em especial os esforços de resgate das tantas pessoas soterradas.
Refletindo sobre a reconstrução do país, reconheceu que será “um caminho longo e difícil”.
“Precisamos de oração, muita oração. Mas as orações que acusam Deus de ter punido nossas culpas não nos servem, assim como os serviços religiosos que se aproveitam do sofrimento de nosso povo, ou ainda aquela espécie de culto que explora o medo. Precisamos daquela oração que uma criança faz a seu Pai.”
“Temos um duro desafio: tantas pessoas mortas, tantos desaparecidos, as casas destruídas, os edifícios públicos reduzidos e escombros” – “mas nós permanecemos vivos. A chama da esperança permanece acesa! Trabalhemos juntos na reconstrução de nosso Haiti!”
A organização Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) doou, por intermédio do Núncio Apostólico do Haiti, 170.000 dólares para o fornecimento de comida, água potável, roupas e medicamentos para as vítimas da tragédia.
ZENIT, 01.02.2010