NOTA DE REPÚDIO E SOLIDARIEDADE
Em nome da Diocese e do Clero de Pesqueira com o seu Bispo, D. Francisco Biasin, comunicamos o cruel assassinato do Padre ROGÉRIO RUVOLETTO, ocorrido hoje, em Manaus, na área pastoral, aonde prestava serviços como missionário, no bairro de Santa Etelvina.
Repudiamos este triste e lamentável fato! Ao mesmo tempo, esperamos, além do devido esclarecimento do ocorrido, as devidas providências por parte da justiça, para que o responsável por este ato de violência venha a ser conhecido e julgado na forma da lei.
Agradecemos ao Senhor da vida o tempo convivido com o nosso Irmão, Padre Rogério, a sua disponibilidade missionária, e o testemunho de vida Sacerdotal. Neste ano dedicado aos Sacerdotes, pedimos ao Sumo e Eterno Sacerdote, que lhe conceda a alegria eterna na companhia dos seus Santos, e ao mesmo tempo, renovamos nossa fé na ressurreição!
Manifestamos nossa solidariedade à sua família na Itália e aos fiéis da Área Pastoral de Santa Etelvina, bem como ao Arcebispo, Bispos Auxiliares e ao Clero da Arquidiocese de Manaus nessa hora de dor.
Por fim, pedimos ao Deus da vida, que todos lutemos por um terra sem males, e que a violência seja finalmente superada, e que todos nos reconheçamos Irmãos e Irmãs, responsáveis pela condução e concretização da paz, já que “ Ele é a nossa paz: do que era dividido ele fez uma unidade” ( Ef 2, 14).
Pesqueira, 19 de Setembro de 2009
Pe. Marconni Barbosa – Representante do Clero
Pe. Eliseu Francisco dos Santos – Chanceler do Bispado
Site CNBB, 21/09/2009
1ª DECLARAÇÃO DO BISPO ANTONIO MATTIAZZO, Bispo de Padova, Itália
Padova, 19 de setembro de 2009
Foi difícil aceitar esta grande desgraça para o bispo Antonio Mattiazzo, ao receber a noticia do assassinato, em Manaus, do Padre Rogerio Ruvoletto, missionário “fidei donum” da diocese de Padova, em serviço numa região ultimamente submetida a numerosos assaltos.
Pe. Rogerio, recorda o bispo, sempre se dedicou muito pela missão. Empenhava-se totalmente nas coisas e também durante o seu serviço como diretor do Centro Missionário Diocesano. Seguiu de perto os “fidei donum”, visitando fruquentemente e com continuidade as missões diocesanas.
Quando Pe. Rogerio me pediu para partir pessoalmente – continua Dom Mattiazzo – eu pensava que fosse uma brincadeira; ao invés, ele estava sendo muito sério. Refleti, então, sobre o grande testemunho que daria uma pessoa como ele, que tanto havia dado e tanto se havia dedicado pelas missões. Agora escolhia viver radicalmente este empenho, partindo pessoalmente.
Pe. Rogerio era homem e padre de bom caráter, sempre sorridente e de uma disponibilidade total, como demonstrou ao acolher imediatamente a proposta do bispo Francisco Biasin de trabalhar nos confins da floresta amazônica, lá onde os padres locais não iam. As recordações mais intensas que ele deixa em todos são esta disponibilidade e abertura de coração”.
Neste momento de dor para toda a diocese, o bispo Antonio dirige o seu pensamento a todos os missionários que vivem o seu serviço, conscientes de, a cada dia, estarem arriscando a vida para anunciar o Evangelho: “O anúncio do evangelho, às vezes, exige também este preço, declara o bispo, como já aconteceu para o Padre Ezequiel Ramin, mas também para Padre Evaristo Mercurio e Padre Luigi Vaccari, sempre na América Latina”.
“A recordação do bispo vai às irmãs de Padre Rogerio, com as quais condividimos a dor. Também nós, Igreja de Padova, fomos família para Pe. Rogério. Agora, além de recomendá-lo ao Senhor, colhemos o seu empenho e o seu testemunho para prosseguir o seu trabalho, desenvolvido com tanta generosidade”.
2ª DECLARAÇÃO DO BISPO ANTONIO MATTIAZZO, Bispo de Padova, Itália
Padova, 19 de setembro de 2009
Dom Francisco Biasin, Bispo de Pesqueira (padre pela Diocese de Padova), nascido em 1943, padre diocesano de Padova, missionário “fidei donum”, trabalhando no Brasil desde os anos 70, no ano de 2003 foi consagrado Bispo da Diocese de Pesqueira, no Estado do Pernambuco (Nordeste do Brasil). Foi ele que promoveu e intermediou a presença do Padre Rogerio numa paróquia da periferia extrema de Manaus, capital da Amazonia.
“Não pude conter as lágrimas porque é uma grande dor aquela que experimento, contou Dom Biasin, por telefone, diante do que aconteceu ao Padre Rogerio. Um homem que sempre considerei um irmão e um amigo. Ainda ultimamente, eu o senti sereno e contente, continua o Bispo de Pesqueira, como não o sentia há tempo. Os inícios não foram fáceis: ele devia inserir-se num ambiente difícil, de muita degradação, com ocupações desordenadas dos novos terrenos às margens da floresta.
Nos últimos tempos, a criminalidade tornou-se muito agressiva, conta Dom Biasin. Um bispo local foi seqüestra por alguns dias pelos bandidos, enquanto outras cinco casas de religiosos da diocese foram assaltadas e destruídas. A questão da segurança está se tornando motivo de fortes protestos e a própria Igreja local está elevando a voz para que as autoridades reforcem os seus controles.
As periferias estão colhendo o problema social de quantos procuram um futuro melhor na cidade. Padre Rogério, conclui Dom Biasin, não obstante tudo isso, estava entrevendo perspectivas para o seu trabalho. Agora tudo foi interrompido de modo cruel. É o destino que pode envolver o povo que vive nestas terras. Um destino que os missionários condividem em tudo, sem privilégios”.
Pe. Raul Kestring
Blumenau, 21 de setembro de 2009