Jesus não concorda que cultivemos sentimentos de violência contra as pessoas que nos fizeram mal. Ele convida todos a uma mudança, a uma conversão. Deus nos quer pessoas apaixonadas, vibrantes, dedicadas à missão até à raiz de nossa existência, contudo Ele nos quer cidadãos absolutamente convertidos ao bem
Cidade do Vaticano
A cena de Moisés e da sarça ardente, que temos na primeira leitura, apresenta-nos o coração do grande líder judeu. Moisés possuía grande sensibilidade e senso de justiça. Ele se revoltou com a injustiça praticada em relação a um homem judeu e deixou vir à tona um grande arroubo em favor do oprimido. Ele demonstrou ser possuído por grandes paixões.
É de homens assim que Deus precisa para agir no mundo. Deus deu missão a Moisés, a Sansão, a Davi, a João Batista, a todos aqueles que se deixaram tomar por uma grande paixão em favor do ser humano. Vejamos nossos santos: Vicente de Paulo, Damião de Veuster, Madre Teresa de Calcutá, e tantos outros!
Mas voltemos a Moisés. Deus vê nele o libertador nato para redimir seu povo, subjugado pelos egípcios. Por outro lado Moisés, em suas orações, percebeu que Deus precisava dele. Deixou-se tocar pelo Senhor no momento em que se revoltou quando viu injustiças. Mais tarde, refletindo sobre esses fatos, percebeu que deveria deixar sua vidinha acomodada de pastorear rebanho, de estar com a família e com os amigos para se colocar a serviço de Deus, a serviço do povo.
Sabia que Deus estaria sempre com ele e jamais o abandonaria, nem a ele e nem aos seus.
Essa vocação para ser libertador, nasceu junto a uma imperfeição grave. Moisés agiu com violência matando o egípcio que oprimia um seu conterrâneo. Mesmo assim, Deus viu nele qualidades de libertador.
Agora, no Evangelho, Jesus vai corrigir essa ação de Moisés, ao não concordar com a indignação do povo em relação a Pilatos.
Jesus não concorda nem com retribuição sanguinária à atitude de Pilatos e nem em atribuir aos galileus mortos alguma culpa.
Jesus não concorda que cultivemos sentimentos de violência contra as pessoas que nos fizeram mal. Ele convida todos a uma mudança, a uma conversão.
A parábola da figueira estéril nos convoca a uma paciência e a uma esperança divinas, tolerantes com as fraquezas humanas. Tolerante, mas não conivente ou negligente.
Deus nos quer pessoas apaixonadas, vibrantes, dedicadas à missão até à raiz de nossa existência, contudo ele nos quer cidadãos absolutamente convertidos ao bem.
Pe. Cesar Augusto dos Santos, S.J.
Fonte: Site Rádio Vaticano