Palavra: Lc 7, 11-17 (EVANGELHO DO DIA):
11. “Naquele tempo, Jesus dirigiu-se a uma cidade chamada Naim. Com ele iam seus discípulos e uma grande multidão.
12. Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade a acompanhava.
13. Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: “Não chores!”
14. Aproximou-se, tocou o caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!”
15. O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe.
16. Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo”.
17. E a notícia do fato espalhou-se pela Judeia inteira e por toda a redondeza.
A nossa caminhada chega ao ponto principal, onde encontramos no altar Aquele para o qual nos preparamos para receber. Foram dez passos árduos, que fizeram nos movimentar semanalmente na direção deste encontro. Tivemos muitas barreiras, tivemos que reconhecer as fraquezas, assumir as fragilidades, entender que as coisas que acontecem ao nosso redor também são provocadas por nosso comportamento. Tivemos que perdoar, pedir perdão, resgatar nossas forças em Deus, dar o exemplo e atuar em favor dos mais necessitados. Reconhecemos que a oração tem um valor significativo quando reservamos um espaço para fazê-la com fidelidade.
E neste Passo, vamos ao encontro do Pai, já transformados também pelo nosso próprio esforço. Se avaliarmos, nestes três últimos meses em que nos envolvemos com o Projeto de Vida Nova, podemos identificar as mudanças que nos aconteceram, ainda que aos poucos, e aí está a importância daquilo que mudou, pois aconteceu de forma consciente, com clareza no coração, sem desculpas. Este é o maior dos desafios: mudar para ter condições de promover a mudança de vida do outro, transformada através de nós. Mas, o que nos traz mais aflição é o tempo em queremos que tudo isso ocorra.
O tempo de Deus é diferente do tempo de qualquer um que por Ele é criado. As coisas acontecem a partir do momento em que nos preparamos, em que desejamos, em que projetamos. E percebam que ainda assim, somos tentados e bombardeados por situações externas e por fraquezas internas, as quais são as mais difíceis de lidar, por que nos deixamos corromper com muita facilidade, porque temos muita pena de nós mesmos, e o nosso lado tentador nos conhece melhor que qualquer um.
Na Leitura de hoje vemos o encontro de dois grupos que caminham em direções opostas: o primeiro, segue com o Filho do Homem, acolhendo as Palavras, aprendendo sobre o significado da vida eterna, preenchidos de alegria e graça; o segundo, acompanha um morto num cortejo cheio de tristeza e desespero. Todavia, a compaixão de Jesus se estende àquele que sofre. Ele não se prende à morte, nem ao jovem filho da viúva, mas se compadece da dor que ela carrega. E a sua Palavra direcionada vai atingir o coração daqueles que já não encontram mais a direção, porque Ele é o Senhor da Vida, que salva, que cura, que converte.
Pelo poder de Jesus as duas multidões agora caminham numa só direção. Ele devolve a vida ao jovem, cuja mãe foi merecedora deste milagre em favor da vida. Portanto, fica claro que aquele que se debruça pelo seu dependente também pode ser agraciado pelo milagre da conversão dos seus. Sendo Deus um Pai de misericórdia, terá compaixão da nossa dor, mas é preciso também que lutemos pela vida. É necessário que sigamos o cortejo que acompanha Jesus Libertador, que dará sentido às nossas lutas, e este encontro se firma no altar, onde reconfortados das nossas dores, buscamos a salvação nossa e dos nossos ente queridos que morrem a cada dia pelo flagelo da dependência das drogas. A Eucaristia é Jesus Vivo e presente em nós, a Eucaristia é sinal de esperança e propósito de libertação, a Eucaristia é reconhecimento do sagrado em nossa vida. Façamos parte dessa mesa com sobriedade e muito amor pela vida.
Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade na Diocese de Blumenau