Deus dá seu Filho por nós – Comentário às leituras bíblicas da 2º Domingo da Quaresma

2° DOMINGO DA QUARESMA

Gênesis 22,1-2.9a.10-13.15-18; Salmo 116B (115); Romanos 8, 31b-34; Marcos 9,2-10.

DEUS DÁ SEU FILHO POR NÓS

No domingo passado vimos como Jesus, tendo assumido no batismo ser Filho e Servo de Deus, se preparou por sua “quaresma” para iniciar sua missão. Hoje, no 2º domingo da Quaresma, o mesmo Filho é mostrado diante da fase final de sua missão, prestes a subir a Jerusalém, onde enfrentará inimizade mortal (cf. Mc 10,1.32). Já tinha anunciado seu sofrimento aos discípulos, equivocados a seu respeito (Mc 8,31-33). No evangelho de hoje, Pedro, Tiago e João são testemunhas de uma revelação em que veem Jesus, antecipadamente, envolto na glória de Deus: a Transfiguração. E ouvem a Voz: “Este é meu Filho amado: escutai-o” (Mc 9,2-10). Antes de acompanhar Jesus no sofrimento, os discípulos recebem um sinal da  glória de Jesus, para que saibam que o Pai está com ele quando ele vai dar sua vida por todos. Pois não é só Jesus dando a própria vida, é o Pai que dá seu Filho por nós, como diz Paulo na 2ª leitura: um louvor ao grande amor que Deus nos tem, provado e comprovado pela entrega de seu Filho Jesus.

É isso também que prefigura a 1ª leitura, que mostra Abraão disposto a sacrificar o próprio filho. Texto “escandaloso”: como pode Deus mandar sacrificar um filho? Expliquemos bem. Naquele tempo havia povos que pensavam que o primogênito, não só do rebanho, mas dos próprios filhos – sobretudo do chefe – devia ser dedicado a Deus mediante um sacrifício humano (assim acreditavam também, na América, os índios astecas etc…). Ora, Isaac era o herdeiro legítimo (filho de mulher legítima), que Abraão em sua velhice recebera de Deus. Tinha poucas chances de ter outro herdeiro. Mesmo assim, estava disposto a dar ouvido à voz da crença que ditava sacrificar o primogênito. Mas Deus não quis – e não quer – sacrifícios humanos. Por isso, mandou um animal para substituí-lo.

A mesma afirmação repetimos no Salmo 116 (115) – Deus não quer que a vida desapareça prematuramente. Ele se sente roubado e diminuído pela morte de seus filhos: “Caminharei na presença do Senhor na terra dos viventes”

O gesto grandioso de Abraão tornou-se imagem da incompreensível magnanimidade de Deus, que dá seu “Filho unigênito” para nós (Jo 3,16). Grandiosidade, de fato, muito mal compreendida. Há quem pense que Deus é um carrasco, que quer que seu Filho pague com seu sangue os pecados dos demais. Mas muitos séculos antes de Cristo, os profetas negaram tal ideia: cada um é responsável por seu próprio pecado (Ez 18; Jr 31, 29 etc). Deus não é vingativo nem sanguinário, mas antes de tudo rico em misericórdia e fidelidade (Ex 34,6, Sl 115,1 etc). E é por isso que dispõe de seu Filho, para que este nos mostre a misericórdia e fidelidade de Deus por sua própria prática de vida. Jesus é Filho de Deus na medida em que sua atitude representa o amor fiel de Deus. É precisamente no momento de subir a Jerusalém para enfrentar a inimizade mortal das autoridades que isso se verifica. Jesus poderia ter virado o casaco, desistido de suas bonitas lições sobre o amor fraterno, poderia ter salvo a sua pele.  Não quis! Quis ser a imagem do amor fiel de Deus. Por isso, quando Jesus dá sua vida por nós, é o Pai que a dá.

“Escutai-o”. Os ensinamentos de Jesus, que agora seguirão, são os ensinamentos sobre a humildade, o despojamento, o serviço, a doação em prol dos “muitos” (10,45). Só podemos aceitar este ensinamento na confiança de que “ele teve razão” quando deu sua vida por nós.  Por isso é preciso voltar à realidade, (descer da montanha) nas lutas do dia-a-dia, com os necessitados, enfrentando a cruz, pela vida de todos. Jesus não quer propaganda da transfiguração, mas deseja que homens e mulheres se “transfigurem” no serviço da fraternidade e da justiça, transfigurando o mundo. É isto que a liturgia de hoje, antecipadamente, nos deixa ver.

Pe Osmar Debatin

Fonte: Site Diocese de Rio do Sul

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