Palavra: Ef 6,10-17
10. “Ademais, fortaleçam-se no Senhor e na força do seu poder.
11. Vistam a armadura de Deus para poderem resistir às manobras do diabo.
12. A nossa luta, de fato, não é contra homens de carne e osso, mas contra os principados e as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos do mal que habitam as regiões celestes.
13. Por isso, vistam as armaduras de Deus para que, no dia mau, vocês possam resistir e permanecer firmes, superando todas as provas.
14. Estejam, portanto, bem firmes: cingidos com o cinturão da verdade, vestidos com a couraça da justiça,
15. os pés calçados com o zelo para propagar o evangelho da paz;
16. tenham sempre na mão o escudo da fé, e assim poderão apagar as flechas inflamadas do Maligno.
17. Coloquem o capacete da salvação e peguem a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.”
A vida autêntica de um cristão que vive o seu batismo é luta contínua contra o mal, e as armas para o combate são: verdade, justiça, testemunho do Evangelho, fé e Palavra de Deus. Para os antigos, o mal era personificado por demônios e forças exteriores e invisíveis, que dominavam os homens – principados, autoridades, poderes, soberanias. Aprofundando estas Leituras, reconhecemos que o mal gera violência, egoísmo, injustiça, ódio, opressão e morte. E admitimos que somos fontes geradoras desse mal. Ele se externa a partir das nossas ações, alcançando grandes proporções e tomando formas ainda maiores, impossíveis de contermos sozinhos.
Um grande exemplo do que acabamos de expressar é o mal das drogas, que assola e destrói principalmente a vida dos nossos jovens. Olhando para uma família, percebemos o quanto ela se desagrega porque o seu jovem não consegue dar conta de um vício que começou anteriormente numa roda de amigos, numa experiência sem compromisso, num patrocínio camarada. Enfim, aquilo que parecia tão sem importância ou que era mero momento de prazer, traz para o presente enfrentamentos angustiantes, que inclusive vai adoecendo os que estão à volta por não saber o que fazer numa situação dessas.
Do lado de fora o caos está formado. Tem um número de pessoas que estão envolvidas, desde os amigos, os que repassam, os que atravessam, os pequenos, médios, até chegar nos grandes fornecedores, nos plantadores, nos que promovem este mal. Um consumidor tem que garantir o funcionamento deste negócio rentável e lucrativo. A estas alturas, podemos entender que o mal está personificado, que já ganhou tanta força que não temos mais como dominá-lo.
Aceitar esta forma de pensamento é não acreditar no poder do Pai. Todo batizado é fortalecido pela graça e pelo poder que o Senhor nos dá. É a primeira das armaduras vinda em forma de bênçãos contra o mal. No batismo somos marcados para todo o sempre como filhos e filhas de Deus, embora não saibamos exatamente o valor que isso tem e terá para nossa vida. Mesmo que a luta entre o bem e o mal se trave em nossa consciência, são nas nossas ações que ela ganha força e se externa, minando outras pessoas, provocando reações em cadeia, como propriamente uma corrente do mal. E vai destruindo relacionamentos e por fim este mal se volta contra nós podando a nossa própria vida. Pelo desânimo, perdemos a vontade de lutar, não sabemos mais quem somos, nem o que queremos. Acabamos dominados pelas trevas que nós mesmos ajudamos a construir, alimentando a opção de morte.
Cabe-nos reconciliarmos com Deus e lembrar que sendo filhos, temos condições de revestirmo-nos da armadura outrora esquecida, e com a promessa de Jesus Cristo Libertador, renovar o nosso batismo diariamente, e fortalecidos, prepararmo-nos para as tentações. A expressão “só por hoje” diminui o nosso fardo e nos faz focar apenas no momento presente, que é o mais importante. Vivenciando o Programa de Vida Nova, vamos testemunhando para nós mesmos que somos capazes de vencer o mal, que anteriormente deixávamos que nos conduzisse.
Essa armadura consiste de verdade, fidelidade, fé, zelo, amor próprio, confiança e sinceridade para conosco. Não podemos enfrentar as maldades do coração e posteriormente do mundo se na nossa arrogância acreditamos que vamos vencer sem nos prepararmos. A oração e a vigília ajuda a mantermo-nos humildes e cuidadosos perante as nossas falhas. E o mais importante: é necessário que vençamos primeiro as tentações interiores para ter condições de enfrentar males maiores. Devemos reconhecer onde mora o nosso pecado, a nossa falha, as nossas fraquezas. É por aí que seremos tentados.
Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedde da Diocese de Blumenau