Páscoa e paz, por RAUL KESTRING*
Páscoa alude à passagem de Deus, a partir de seu sentido etimológico. Segundo o livro bíblico do Êxodo, o Criador e Pai viu a miséria do seu povo escolhido, no Egito, e desceu para libertá-lo. Ele acompanhou seus filhos e filhas sempre. Chegara, porém, o momento de caminhar com eles, ensinando-lhes seus preceitos e suas leis, como também, manifestando-lhes seu poder, seu amor, sua glória. Fez-lhes chegar à terra prometida. Ali se estabeleceram e fizeram sua sagrada história porque o Senhor, pela Lei e pela Arca da Aliança, partilhava com eles suas alegrias e dores, seus fracassos e vitórias.
O apóstolo Paulo diz que, quando chegou a “plenitude dos tempos”, Deus deu o passo decisivo ao encontro da humanidade e do mundo: encarnou-se, através de uma mulher. Viveu em tudo a condição humana, menos o pecado. Chamou 12 seguidores, aos quais chamou apóstolos. A eles revelou-se de forma mais profunda, mais pessoal, íntima, numa convivência cotidiana de três anos. Despertou neles a fé na sua divindade. Ao mesmo tempo, profetizou-lhes a sua morte na cruz e sua ressurreição.
Não mais em figuras e intermediários, mas em pessoa, o ser superior, agora, veio morar entre os seres humanos. Veio ser o Deus conosco. Ainda conforme o ensinamento paulino, ressuscitando de fato, selou sua mensagem de fé, amor e esperança. Se ele não tivesse ressuscitado, nossa fé seria vã, acentua o apóstolo.
Nesta Páscoa, a atitude mais condizente com nossa crença é renovar essa certeza de que o onipotente está e caminha conosco, comigo, com você, com nossas famílias, comunidades, com o mundo. Assim, temos a sua paz e levamos esta paz por onde andarmos. Lendo os evangelhos, percebemos que, ressuscitado, diversas vezes, o senhor deseja, dá paz às pessoas.
Em Pentecostes, doa-nos seu espírito de paz. Essa paz abrange mais do que tranquilidade: é vida nova, esperança, crescimento, desenvolvimento, sustentabilidade. É harmonia universal, cósmica. Também é luta por nossos sonhos e ideais. Tudo de bom! Feliz Páscoa!
*Padre