Palavra: Hb 8,12:
12. “Porque eu vou perdoar as faltas deles e não me lembrarei mais dos seus pecados…”
Cada passo que vivenciamos na Caminhada do Programa de Vida Nova nos prepara para o passo que vem a seguir. Consideramos o primeiro passo admitir como aquele que nos leva a reconhecer a necessidade da nossa mudança, desencadeando um novo processo em nossa vida. Como consequência, passamos pelo segundo passo confiar, onde aprendemos a nos aproximar mais Daquele que pode nos fortalecer e no terceiro passo entregar, a Ele nos rendemos, para que possa mexer com toda a nossa estrutura e em nós faça brotar uma pessoa transformada. Certamente vamos ter que rever quem somos. Arrancar de nós o que não nos serve, ou o que contribui para nos deixar menores é uma tarefa árdua. Só mesmo quem deseja resgatar-se, só aquele que ama a si e aos seus terá condições de fazer este investimento.
A segunda fase desta Caminhada nos chama a um desafio ainda mais intenso, que é olhar para a nossa interioridade e se deixar moldar pela certeza e pela concretude das nossas ações, que devem alcançar primeiramente a nós mesmos. O quarto passo arrepender-se nos coloca na condição de julgadores das nossas atitudes e ao mesmo tempo na condição de réus porque seremos nossos próprios acusadores, reconhecendo onde estão os nós que provocamos ao nosso redor. Enxergá-los e assumi-los vai nos trazer a dor da culpa e do arrependimento. Mas logo a seguir acontece o quinto passo confessar que nos coloca novamente erguidos diante do Pai através do ato da verbalização, que nos leva a assumir em que momento da nossa vida nos desvirtuamos.
Ao confessarmos nossas faltas, recebemos a absolvição porque para Deus, trouxemos à consciência os erros que cometíamos. E ainda que voltemos a repetir, já não o faremos como antes, no automático, sem pensar, mas nos aproximamos cada vez mais da possibilidade de não mais cometê-los. Isso acontece porque nos tornamos mais sensíveis e mais orantes, e isso significa que vamos tomando posse da nossa capacidade de dizer não aos nossos erros de estimação. Daí a importância de falar sobre as nossas fraquezas. É necessário que tudo aquilo que contamina o nosso coração seja colocado pra fora.
Em Tiago 5, 16 diz: “Confessem, mutuamente, os próprios pecados e rezem uns pelos outros para serem curados”. Ele nos que dizer que devemos dar e pedir perdão na mesma proporção. É o peso do fardo que torna a nossa caminhada mais difícil. A oração do justo é ouvida, e os nossos erros confessos não são reprisados. O perdão que vem dos céus acontece pela verdade do nosso coração. Deus conhece a nossa interioridade. Portanto, o ato da confissão é um sacramento de cura, de libertação. Não existe estrutura humana perfeita, mas todas as vezes que confessamos, buscamos a perfeição; e a busca da perfeição nos leva a um processo de salvação.
Na 1ª carta de Jo 1,6 Deus nos manda uma mensagem: “Se andarmos na luz, com também Ele está na luz, estamos em comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus, seu Filho, purifica-nos de todo o pecado”. Se já nos arrependemos, somos chamados a assumir diante do Pai a nossa condição de fragilidade, para que possamos junto a Ele, nos fortalecer e perseverar na Caminhada que nos foi proposta.
Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade na Diocese de Blumenau