É ano de eleições. Vários candidatos a prefeito e vereador estão de olho no seu voto, para serem eleitos e, assim, poderem, legitimamente, governar seu município. O bom político sabe governar bem o município, e busca gerir os rumos de uma cidade da melhor forma possível. Já uma pessoa interesseira ou egoísta não saberá ser bom administrador do bem comum e da vida de todos.
Os bispos do Brasil “convocam os leigos e leigas para serem protagonistas antes, durante e depois do processo eleitoral, assumindo uma democracia atuante. A Igreja conclama que é preciso estar atento às fontes de arrecadação, bem como, à prestação de contas por parte dos candidatos”.
Ninguém pode abdicar da participação na política. Todavia precisamos escolher e votar em candidatos honestos e competentes. O católico que recebeu o dom de Deus para governar e cuidar do bem público não pode se omitir.
Hoje, temos muitos políticos maus porque sempre foram interesseiros e corruptos e, mesmo cientes disso, os elegemos, votamos mal. Por outro lado, muitas pessoas boas acharam melhor não entrar na política. Como lembra nosso Papa Francisco, a política é uma nobre forma de caridade: “devemos envolver-nos na política, pois a política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. Se a política se tornou uma coisa suja, isso se deve também ao fato de que os cristãos se envolveram na política sem espírito evangélico”.
As eleições municipais são uma ocasião de fortalecimento da democracia, que deve ser cada vez mais participativa. Nosso horizonte é sempre a construção do bem comum. Digamos não à intolerância política. Nada de agredir ou difamar a outra pessoa: nunca! É fundamental respeitar as diferenças e não fazer delas motivo para inimizades ou animosidades que desemboquem em violência.
Importante é conhecer os candidatos e as suas propostas de trabalho e saber distinguir claramente as funções a que se candidatam. Dos prefeitos espera-se conduta ética nas ações públicas, nos contratos assinados, nas relações com os demais agentes políticos e poderes econômicos. Dos vereadores se requer ação correta de fiscalização e legislação, que não passe por uma simples presença na bancada de sustentação ou de oposição ao executivo.
A Igreja incentiva os cristãos leigos e leigas, que têm vocação para a militância político-partidária, a se lançarem candidatos. No discernimento dos melhores, levemos em conta o compromisso com a vida, com a justiça, com a ética, com a transparência, com o fim da corrupção, além do testemunho na comunidade de fé, que não deveriam abandonar, nem antes e nem depois da Eleição.
A partir do Evangelho de Jesus, a Igreja convida os cristãos a votarem em candidatos que se proponham a governar pelos pobres, e, a partir destes, para todos. Só merece nosso voto quem já fez e está fazendo o bem para a sua comunidade. Quem só promete não merece nosso voto.
* Dom João Inácio Müller é bispo da Diocese de Lorena (SP) e articulista da Revista Canção Nova