A Pastoral da Sobriedade tem como propósito oferecer condições de recuperação àqueles que se vêem envolvidos com a questão da dependência química e de outras drogas de abuso. Sendo assim, compreendemos que estão envoltos neste turbilhão de sofrimento que permeia a sociedade, não apenas os consumidores, mas todos que estão à sua volta. Quem não conhece alguém que consome drogas, sejam legais ou ilegais?
Neste ano de 2011 temos como perspectiva ampliar e oferecer mais informações dentro e também fora da Igreja, tendo consciência que é do lado de fora da instituição que temos os problemas mais críticos, considerando que aquele que buscou algum tipo de ajuda já avançou um degrau na tomada de decisão sobre a sua recuperação.
A grande problemática está em envolver a todos na prevenção contra as drogas, no que diz respeito a enfatizar o compromisso de cada de modo específico. Para isso realizamos grupos semanais de auto-ajuda que atendem familiares, dependentes e co-dependentes. Entende-se co-dependente não apenas o familiar, mas aquele que, muitas vezes de forma inconsciente alimenta a possibilidade de ter no outro um consumidor potencial por razões pessoais. Como exemplo podemos citar uma esposa que tem um companheiro alcoolista, e que, embora deseje vê-lo curado, obtém ganhos, pois assim ele sai, ele a leva a barzinhos para se divertir, etc. Num outro exemplo, citamos um amigo que quando o seu colega consumia, ele parecia mais legal, mais camarada, mais gente boa. Numa condição mais agravada, temos o exemplo da mãe que prefere dar dinheiro ao filho para que ele compre a droga e consuma em casa, a ver o seu filho se expondo nas ruas. De maneira rasa a maioria das pessoas define co-dependentes como familiares, mas nem em todos os casos o são. Nem toda a mãe ou todo o pai "passam a mão na cabeça` de seus filhos, ou que procuram manter-se afastados do compromisso real que envolve a família.
A Pastoral da Sobriedade quer esclarecer que está envolvida em duas condições distintas: a que pretende buscar essas pessoas que infelizmente encontram-se afastados do seu exercício cristão, procurando resgatá-las da forma mais eficaz e acolhedora possível e uma outra vertente que pretende informar, aprimorar e dar suporte àqueles que se prestam a trabalhar pela causa social, àqueles que já fazem parte do meio e dar condições aos que pretendem participar.
Considerando que as duas perspectivas, embora distintas, são igualmente importantes, estamos nos apropriando com maior intensidade dos propósitos fundamentais da PS, com o objetivo de transformá-la num ícone representativo ao que se pronuncia. Sendo assim, estamos reestruturando e procurando rever as principais lacunas significadas outrora como não relevantes e que hoje somam como desafio à resolução. Além das reflexões nos grupos de auto-ajuda com ciclos de 12 passos que acontecem semanalmente, realizamos um encontro com os agentes para revermos as novas demandas trazidas pelos grupos para conhecimento da realidade e orientação. Lembrando que este é um desafio que requer o empenho de todos, de familiares de dependentes e não dependentes, de católicos praticantes e não praticantes, que possamos enxergar no rosto sofrido e desgastado daquele que consome drogas, não as marcas do vício, mas o rosto do Cristo que bate à sua porta.
Malena Andrade, psicóloga, assessora da Pastoral da Sobriedade