A Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCOM), a Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (ABRAÇO), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e as TVs Cidade Livre de Brasília e Comunitária do Rio de Janeiro lançaram uma campanha popular visando doar equipamento para rádios comunitárias e mil radinhos de pilha ao povo do Haiti. O objetivo é ajudar na reconstrução do país devastado pelo terremoto através de um jornalismo de utilidade pública, com informações sobre orientação sanitária, ambiental e técnicas.
Para Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre de Brasília, um dos organizadores da iniciativa, “é uma maneira concreta de expressar solidariedade, na linha da informação construtiva, ao mesmo tempo em que também colocamos em prática uma iniciativa que contribui para a integração entre os povos”, lembrando a frase de um poeta nicaraguense que dizia “A solidariedade é a ternura entre os povos”.
As entidades estão empenhadas em arrecadar fundos entre militantes dos movimentos sindicais, populares, intelectuais, artistas e religiosos, comprar os equipamentos e doar ao Governo Federal , para que sejam transportados pelo Exército Brasileiro, que coordena a Missão da ONU no Haiti.
A iniciativa dos militantes da comunicação comunitária é uma resposta ao chamado que o Presidente Luis Inácio Lula da Silva fez aos movimentos sociais para que declarassem “um ano de solidariedade ao Haiti”, oportunidade em que também criticou os países ricos por terem sonegado historicamente qualquer ajuda ao país do Caribe.
“Neste momento de dor e de tantas necessidades, o povo do Haiti também precisa dispor de meios para uma comunicação que lhe permita recuperar plenamente a cidadania e a soberania”, declarou o jornalista Paulo Miranda, vice-presidente da ABCCOM, “além de todos os males causados pelo colonialismo, os norte-americanos continuam desinformando sobre a triste realidade do país. É preciso que os haitianos tenham meios para fazer uma comunicação soberana e cidadã”, denunciou.
Além dos equipamentos, as entidades citadas estão colocando comunicadores comunitários dispostos a se deslocarem ao Haiti para promoverem a instalação técnica dos transmissores, bem como cursos de capacitação de haitianos em técnicas que estão sendo já chamadas de jornalismo de reconstrução e de integração, à disposição do Governo Federal. O Coordenador Nacional da Abraço, José Luis Soter observa que “o deslocamento de comunicadores comunitários até o Haiti é importante porque significa plantar uma semente de comunicação libertadora e porque se traduz em exemplo pedagógico, prático e concreto , sobre o potencial solidário que as redes solidárias podem por em prática, quando são construídas as condições”.
A Secretária Nacional de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosane Bertotti, também apoia e participa da Campanha “Uma Rádio Solidariedade para o Haiti”, informando que ações de solidariedade estão sendo desenvolvidas pelos sindicalistas brasileiros em cooperação com a Central dos Trabalhadores do Haiti, e lamentando que muitos de seus dirigentes perderam a vida no terremoto recente.
Os organizadores esclarecem que todo este trabalho é voluntário, sem qualquer salário ou remuneração. Para Moysés Correia, coordenador da TV Comunitária do Rio de Janeiro, é muito importante destacar a união entre civis e militares brasileiros, entre movimentos comunitários, exército e governo federal, para uma ação concreta de solidariedade. “É um exemplo para os países ricos que sempre negaram solidariedade e tanto exploraram o Haiti”, declarou.
ALC – Agência Latino-Americana e Caribenha de Notícias, 29.01.2010