4º Domingo da Quaresma
Liturgia: 2Cr 36,14-16.19-23; Sl 136(137), 1-2.3.4-5.6 (R/.6a); Ef 2,4-10; Jo 3,14-21)
Uma nova vida em Cristo!
A Quaresma é um tempo oportuno para purificar ideias e atitudes de nossa vida cristã. Muitas vezes somos levados a ter de Deus a imagem de um juiz severo e castigador… Será essa a verdadeira imagem de Deus que devemos ter?
A Bíblia tem uma imagem bem diferente: Um Deus Criador e Amigo… que dialoga com Adão… Um Deus que faz uma Aliança de amizade com o seu povo… Um Deus-conosco (“Emanuel”)… que caminha com o povo… Um Deus que liberta… e salva… Um Deus misericordioso, que perdoa… Um Deus Pai… sempre disposto a acolher o filho pródigo… O castigo é um remédio extremo para que se arrependa e volte à amizade.
A 1a leitura revela a Justiça e a Misericórdia de Deus no tempo do exílio e da libertação. (2Cr 36,14-16.19-23). É um resumo da História da Salvação, em três momentos: O Pecado do homem, o Castigo e o Perdão de Deus. O Povo foi infiel à Aliança. Por isso, Jerusalém foi destruída e sua elite foi deportada para a Babilônia. Mas Deus não abandona o povo, apesar das infidelidades. O povo arrependido voltou seu coração para Deus e Deus o conduziu de volta à sua terra. Deus é mais misericórdia, do que justiça…
Na 2a Leitura Paulo afirma que Deus é rico em misericórdia (Ef 2,4-10). Por isso, à situação pecadora do ser humano, Deus responde com a sua graça. O amor salvador e libertador de Deus é incondicional e atinge a pessoa, mesmo quando ela continua a percorrer os caminhos de pecado e de morte. Somos sempre filhos amados, a quem Deus oferece a vida plena, a salvação.
No Evangelho, Jesus se revela como Salvador e não Juiz (Jo 3,14-23). É a conclusão do diálogo de Jesus com NICODEMOS, que nas “trevas da noite”, vem falar com Jesus à procura de “Luz”. No final, descreve o projeto de Salvação de Deus: “Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu próprio filho e este não veio para julgar o mundo, mas para salvá-lo”.
No deserto, os hebreus olhavam para a serpente levantada por Moisés como sinal de cura e libertação. Faz lembrar a cruz onde foi levantado o Filho do homem. Da Cruz de Jesus brota a vida e a saúde para toda a terra. Ao olhar com fé para esse sinal, ficamos curados… O texto nos convida a contemplar uma História maravilhosa: O Amor de Deus oferece ao homem vida plena e definitva. Aos homens compete aceitar ou não o dom de Deus. Jesus não veio condenar e excluir ninguém da salvação. Ele é a luz divina enviada ao mundo para mostrar o caminho da verdade e da vida que conduz a Deus. As pessoas podem rejeitar Jesus e sua missão, permanecendo nas trevas do egoísmo ou então aceitar Jesus e seguir seu projeto, deixando-se envolver pela luz da fé e da salvação.
João define o caminho para chegar à vida eterna: CRER EM JESUS: Não é uma mera adesão intelectual a umas “verdades” mas acolher JESUS enviado pelo amor do Pai para salvar o ser humano. É escutar Jesus, acolher a sua mensagem e segui-lo nesse caminho. É deixar as trevas e caminhar para a Luz… É aceitar essa Luz… Isso supõe desfazer-se de muitos projetos pessoais.
E o julgamento final como fica? Muitos imaginam um Deus severo, que vai analisar tudo com rigor até os mínimos detalhes. Seria então Ele um Pai, que ama os bons e os maus, como ensinou Jesus? Segundo São João, o julgamento não é pronunciado por Deus, mas pela escolha que cada um faz diante da Luz de Cristo. “Quem nele crê, não é condenado. Mas quem não crê, já está condenado… A Luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas.” Por isso, a decisão no julgamento: não é propriamente Deus que faz… somos nós que escolhemos… não é apenas no fim do mundo, mas é aqui e agora. Cada instante da vida é tempo de salvação ou de condenação…
Salvam-se os que praticam a Verdade e se aproximam da “Luz”. Condenam-se os que praticam o mal e preferem as “trevas”. A salvação é um dom gratuito de Deus oferecido a todos… Tudo depende da nossa aceitação ou não à proposta de Cristo.
Cristo quer ser o nosso Salvador, não o nosso Juiz… Qual será a nossa escolha? Preferimos a Luz ou as Trevas? Qual opção queremos fazer neste Quaresma?
“Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu próprio filho e este não veio para julgar o mundo, mas para salvá-lo”. (Jo 3,17).
Pe Osmar Debatin