Dia 28 de março de 2018 – Quarta-feira DA SEMANA SANTA
Ano do Laicato, instituído pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, tendo se iniciado no Domingo de Cristo Rei, 26 de novembro de 2017, e estendendo-se até o Domingo de Cristo Rei de 2018. Objetivo: “Como Igreja, Povo de Deus, celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil; aprofundar a sua identidade, vocação, espiritualidade e missão; e testemunhar Jesus Cristo e seu Reino na sociedade”.
Evangelho segundo S. Mateus 26,14-25:
Naquele tempo, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes
e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?». Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.
E a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar.
No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?».
Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos’».
Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa.
Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, declarou: «Em verdade vos digo: Um de vós Me-de entregará».
Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei eu, Senhor?».
Jesus respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que Me entregará.
O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca dEle. Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido».
Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu, Mestre?». Respondeu Jesus: «Tu o disseste».
Comentário do dia
Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Audiência geral do dia 18/10/06 (trad. © Libreria Editrice Vaticana, rev)
«Um de vós Me entregará ».
Porque é que Judas traíu Jesus? A questão é objeto de várias hipóteses. Alguns recorrem ao fator da sua avidez de dinheiro; outros dão uma explicação de ordem messiânica: Judas teria ficado desiludido ao ver que Jesus não inseria no seu programa a libertação político-militar do seu próprio país. Na realidade, os textos evangélicos insistem sobre outro aspecto: João diz expressamente que «tendo já o diabo metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que O entregasse» (Jo 13,2); analogamente escreve Lucas: «entrou Satanás em Judas, chamado Iscariotes, que era do número dos Doze» (Lc 22,3).
Desta forma, vai-se além das motivações históricas e explica-se a vicissitude com base na responsabilidade pessoal de Judas, o qual cedeu miseravelmente a uma tentação do maligno. A traição de Judas permanece, contudo, um mistério. Jesus tratou-o como um amigo (cf Mt 26,50), mas, nos seus convites a segui-lo pelo caminho das bem-aventuranças, Ele não forçava as vontades nem as preservava das tentações de Satanás, respeitando a liberdade humana. […]
Recordemo-nos de que também Pedro se queria opor a Ele e ao que O esperava em Jerusalém, tendo aliás recebido uma forte reprovação: «Tu não aprecias as coisas de Deus, mas só as dos homens» (Mc 8,32-33)! Depois da sua queda, Pedro arrependeu-se e encontrou perdão e graça. Também Judas se arrependeu, mas o seu arrependimento degenerou em desespero e assim tornou-se autodestruição. […]
Tenhamos presentes duas coisas. A primeira: Jesus respeita a nossa liberdade. A segunda: Jesus espera a nossa disponibilidade para o arrependimento e para a conversão; é rico de misericórdia e de perdão. Afinal, quando pensamos no papel negativo desempenhado por Judas, devemos inseri-lo na condução superior dos acontecimentos por parte de Deus. A sua traição levou à morte de Jesus, que transformou este tremendo suplício em espaço de amor salvífico e em entrega de Si ao Pai (cf Gl 2,20; Ef 5,2.25).
O Verbo «trair» deriva de uma palavra grega que significa «entregar». Por vezes, o seu sujeito é Deus em pessoa: foi Ele que, por amor, «entregou» Jesus por todos nós (cf Rm 8,32). No seu misterioso projeto salvífico, Deus assume o gesto imperdoável de Judas como ocasião de doação total do Filho para a redenção do mundo.
Neste mês de março, nosso Papa Francisco pede-nos que rezemos nas seguintes intenções:
Pela evangelização: Formação para o discernimento espiritual
Para que toda a Igreja reconheça a urgência da formação para o discernimento espiritual, a nível pessoal e comunitário.