Leituras Bíblicas
Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna. João 6, 68
Dia 30 de Setembro de 2009
Quarta-feira da 26ª semana do Tempo Comum
Hoje a Igreja celebra : S. Jerónimo, presbítero, cardeal, Doutor da Igreja, séc. IV
Ver comentário abaixo:
Santo Inácio de Loyola : «Segue-Me»
Livro de Neemias 2,1-8:
No mês de Nisan, no vigésimo ano do rei Artaxerxes, como o vinho estivesse diante do rei, tomei-o e ofereci-lho. Ora, jamais eu estivera triste na sua presença. O rei disse-me: «Porque tens o semblante tão sombrio? Não estás doente. Portanto, isso só pode ser tristeza do coração.» Eu fiquei muito conturbado, e respondi ao rei: «Viva o rei para sempre! Como não hei-de estar triste quando a cidade onde se encontram os túmulos dos meus pais está em ruínas, e as suas portas consumidas pelo fogo?» E o rei disse-me: «Que queres?» Então, fiz uma oração ao Deus do céu e disse ao rei: «Se aprouver ao rei, e se o teu servo achar graça diante de ti, deixa-me ir ao país de Judá, à cidade onde se encontram os túmulos dos meus pais, a fim de a reconstruir.» O rei, junto de quem a rainha se sentara, perguntou-me: «Quanto tempo durará essa viagem? Quando será o regresso?» Aprouve ao rei deixar-me partir, e eu indiquei-lhe a data do regresso. Prossegui: «Se o rei achar bem, dêem-me cartas para os governadores da outra margem do rio, de modo que me deixem passar para Judá; e também outra carta para Asaf, o intendente da floresta real, a fim de que me forneça madeira para construir as portas da cidadela do templo, para as muralhas da cidade e para a casa que eu habitar.» O rei concordou com o meu pedido porque me favorecia a bondosa mão de Deus.
Livro de Salmos 137(136),1-2.3.4-5.6:
Junto aos rios da Babilónia nos sentámos a chorar, recordando-nos de Sião.
Nos salgueiros das suas margens pendurámos as nossas harpas.
Os que nos levaram para ali cativos pediam-nos um cântico; e os nossos opressores, uma canção de alegria: «Cantai-nos um cântico de Sião.»
Como poderíamos nós cantar um cântico do SENHOR, estando numa terra estranha?
Se me esquecer de ti, Jerusalém, fique ressequida a minha mão direita!
Pegue-se-me a língua ao paladar, se eu não me lembrar de ti, se não fizer de Jerusalém a minha suprema alegria!
Evangelho segundo S. Lucas 9,57-62:
Enquanto iam a caminho, disse-lhe alguém: «Hei-de seguir-te para onde quer que fores.» Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.» E disse a outro: «Segue-me.» Mas ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» Jesus disse-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos. Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus.» Disse-lhe ainda outro: «Eu vou seguir-te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família.» Jesus respondeu-lhe: «Quem olha para trás, depois de deitar a mão ao arado, não está apto para o Reino de Deus.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por:
Santo Inácio de Loyola (1491-1556), fundador dos jesuítas
Exercícios espirituais, 2ª semana, 12º dia (a partir da trad. DDB 1986, p. 103)
«Segue-Me»
Os três tipos de humildade: o primeiro tipo de humildade é necessário à salvação eterna. E consiste em me rebaixar e me humilhar tanto quanto me for possível, para obedecer em tudo à Lei de Deus Nosso Senhor. De tal modo que, mesmo que me tornassem senhor de todas as coisas criadas neste mundo ou mesmo que estivesse em risco a minha própria vida temporal, nunca pensaria em transgredir um mandamento, fosse ele divino ou humano. […]
O segundo tipo de humildade é uma humildade mais perfeita que a primeira. E consiste nisto: encontro-me num ponto em que não desejo nem tendo a possuir a riqueza mais do que a pobreza, a querer a honra mais do que a desonra, a desejar uma vida longa mais do que uma vida curta, quando as alternativas não afectam o serviço de Deus Nosso Senhor e a salvação da minha alma. […]
O terceiro tipo de humildade é a humildade mais perfeita: é quando, incluindo a primeira e a segunda, sendo iguais o louvor e a glória da Sua divina majestade, para imitar Cristo Nosso Senhor e me assemelhar a Ele mais eficazmente, desejo e escolho a pobreza com Cristo pobre em vez da riqueza, o opróbrio com Cristo coberto de opróbrios em lugar de honrarias; e desejo mais ser tido por insensato e louco para Cristo, que antes de todos foi tido como tal, do que «sábio e prudente» neste mundo (Mt 11, 25).