Severino viveu em pleno século V, quando o Ocidente era acometido por uma sequência de invasões dos godos, visigodos, ostrogodos, vândalos, burgúndios, enfim, de toda uma horda de bárbaros pagãos que pretendiam dominar o mundo. É nesse contexto de conflitos políticos e sociais que sua obra deve ser vista, porque esse foi justamente o motivo que a tornou ainda mais valorizada. Durante essas sucessivas guerras, as vítimas da violência achavam abrigo somente junto aos representantes da Igreja onde encontramos Severino como um evangelizador cristão dos mais destacados e atuantes.
É muito fácil seguir os passos de Severino nesta trilha de destruição. Em 454, estava nos confins da Nórica e da Pomonia onde, estabelecido às margens do rio Danúbio, na Áustria, além de acolher a população ameaçada usava o local como ponto estratégico para pregar entre os bárbaros pagãos. Já no ano seguinte estava em Melk e no mesmo ano em Ostembur, onde se fixou numa choupana para se entregar também à penitência.
Esse seu ministério apostólico itinerante frutificou em várias cidades, com a fundação de inúmeros mosteiros. Como possuía o dom da profecia, avisou com antecedência várias comunidades sobre sua futura destruição, acertando as datas com exatidão. Temos, por exemplo, o caso dos habitantes de Asturis, aos quais profetizou a morte pelas mãos de Átila, o rei dos hunos que habitavam a Hungria. O povo além de não lhe dar ouvidos considerou o fato com ironia e gozação, mas tombou logo depois de Severino ter deixado o local. Sim, a cidade foi destruída e todos os habitantes assassinados.
Dali ele partiu para Comagaris e, sem o menor receio de perder a vida, chegou até Comagene, já dominada pelos dos inimigos. Lá, acolheu e socorreu os aflitos, ganhando o respeito inclusive dos próprios invasores, a começar pelos chefes dos guerreiros. Sua história registra também incontáveis prodígios e graças operadas na humildade e na pobreza constantes.
Severino predisse até a data exata da própria morte, avisando também sobre a futura expulsão de sua Ordem da região do Danúbio. Morreu no dia 08 de janeiro de 482 pronunciando a última frase do último salmo da Bíblia , (Sl 150): “Todo ser que tem vida, a deve ao Senhor”.
Segundo o seu biógrafo e discípulo Eugípio, Santo Severino teria nascido no ano 410, na capital do mundo de então, ou seja na cidade de Roma e pertencia a uma família nobre e rica. Era um homem de fino trato, que falava o latim com perfeição, profundamente humilde, pobre e caridoso. Também possuía os dons do conselho, da profecia e da cura, os quais garantiu e manteve até o final de sua vida graças às longas penitências e preces que fazia ao Santíssimo Espírito Santo e ao cumprimento estrito dos votos feitos ao seguir a vocação sacerdotal.
Especialmente venerado na Áustria e Alemanha, hoje, a urna mortuária de Santo Severino se encontra na igreja dos beneditinos em Nápoles, na Itália.
Outros santos e beatos:
Santo Alberto de Cashel — bispo de Cashel, na Irlanda, no século VII.
Santo Apolinário Cláudio (†180) — bispo de Hierápolis, na Frígia. Escreveu uma apologia da fé cristã, que dedicou a Marco Aurélio.
Santo Atelmo (†923) — bispo beneditino, primeiramente de Wells, e, a partir de 914, de Cantuária.
Santo Ático — martirizado na Frígia, em data imprecisa.
São Cartério (†304) — martirizado em Cesaréia da Capadócia.
Santo Erardo (†686) — bispo de origem irlandesa, evangelizador da Baviera, venerado em Ratisbona.
Santa Ergnad (século V) — virgem irlandesa.
Santo Eugeniano de Autun (século IV) — bispo martirizado na França, defensor da ortodoxia contra a heresia ariana.
São Frodoberto (†673) — abade, fundador de Moutier-la-Celle (França), nas proximidades de Troyes, onde ainda é venerado.
São Garibaldo (†726) — bispo beneditino de Ratisbona.
Santa Gúdila (†712) — filha de santa Amalberga, levou uma vida monacal em domicílio. É a padroeira de Bruxelas.
Santos Luciano, Maximiano e Juliano — martirizados no ano de 290, em Beauvais.
São Máximo (†511) — bispo de Pavia.
São Paciente (século II) — bispo, padroeiro de Metz.
Santa Pega (†719) — irmã de são Gutlach, cujas virtudes e santidade imitou. Venerada em Northamptonshire, na Inglaterra.
Santos Teófilo e Heládio — martirizados na Líbia, em data imprecisa.
São Vulsino (†1002) — bispo beneditino de Westminster e abade no mosteiro do mesmo nome.