Luciano chamado da Antioquia nasceu em 235 e deve seu grande renome ao fato de ter sido o iniciador da doutrina herética conhecida como arianismo, que tão profundamente abalou toda a cristandade dos primeiros séculos. Aliás, diga-se que os arianos se chamaram inicialmente de “lucianistas”. Doutrina a qual Luciano se retratou lavando com o sangue do seu próprio martírio o inicial equívoco, levado às últimas consequências pelo herege Ário, que lhe doou o nome definitivo. Assim temos em Santo Luciano um sacerdote sírio que foi martirizado no século IV, mais precisamente no ano 312, na Nicomedia, Turquia.
Nascido em Samósata, cidade do norte da Síria que serve de passagem para Jerusalém, de pais cristãos, ficou órfão aos doze anos de idade. Para conservar e reforçar a fé recebida da família na infância se retirou para a cidade de Edessa, também na Síria, aonde vivia em grande austeridade, dedicando-se aos estudos teológicos das Sagradas Escrituras, tendo o famoso mestre Macário como diretor. Uma vez formado, ordenou-se sacerdote exercendo todo o seu apostolado na Antioquia, Turquia.
Luciano era muito apegado aos estudos e tinha grande formação literária ocupando o posto de um dos homens mais versados da Igreja. Ele fundou uma escola de catequese que, na época, só encontrava equivalente na respeitadíssima escola egípcia de Alexandria, que já comemorava meio século de implantação.
Essa escola formou dezenas de personagens famosos na História da Igreja, entre eles vários bispos, teólogos e escritores católicos. Foi nesta época que suas obras teóricas começaram a despertar a ira do bispo Paulo de Samosata, dando início à intensa polêmica que mexeu com a Igreja. O tal bispo ainda sustentava a heresia ariana a qual afirmava ser Cristo “inferior a Deus” e não consubstancial a Ele. Era a doutrina que Luciano iniciara, mas, ao se perceber errado, a combatia com intensidade, veemência e vigor. Conseguiu vencer o bispo Paulo que foi destituído e afastado do Cristianismo, passando-se para o lado do herege Ário.
Luciano continuou cada vez com mais vigor sua obra evangelizadora, tendo também que enfrentar as perseguições impostas contra os cristãos, pelo imperador Maximiano. O tirano decidira liquidar primeiro com Luciano, por entende-lo como uma fonte de liderança poderosa de manutenção da fé cristã, daquela época. Ele acabou preso permanecendo algemado durante sete anos. Mesmo nessa condição, para confortar os companheiros de prisão, celebrava a Santa Missa deitado no chão usando o próprio peito como altar.
Depois, o então imperador, Maximino Daia, percebeu que não conseguiria fazê-lo renegar sua fé, por isso mandou que fosse submetido a uma série de bárbaros suplícios. Chegou a ficar quinze dias sem alimento algum e, mesmo assim, se recusou a ingerir carne de animais imolados em nome dos deuses pagãos. Finalmente, foi executado a fio de espada, tendo sido seu corpo lançado ao mar. A tradição diz que ele foi recuperado graças a um golfinho que o transportou do local do martírio para Helenópolis, na Ásia Menor.
Mas a verdade é que Santa Helena, mãe do rei Constantino era muito devota de Santo Luciano, o qual citava com frequência ao filho, que ainda não havia se convertido. Constantino que a amava muito, durante o seu reinado, mandou que as relíquias do Santo fossem transladadas para Helenópolis, cidade natal de sua querida mãe. Depois ele mesmo, em 337, escolheu a sepultura do Santo para ser o local do seu batizado, oficializando sua conversão e de todo o seu reino. Esse ato propagou ainda mais o culto de Santo Luciano, tanto no Oriente como no Ocidente.
Santo Luciano entretanto teve um outro precedente importante, conhecido como Luciano de Somosata, que viveu entre 125 e 192, sendo um importante filósofo e jurista grego, também fundador de uma escola, só que em Atenas, falecendo como funcionário no Egito. Por essas semelhanças ele e sua exuberante obra filosófica e literária, notadamente satírica, foram confundidos com a trajetória do Santo oriundo dessa localidade, principalmente nos primeiros séculos. Este é o motivo pelo qual Santo Luciano é chamada da Antioquia.
Outros santos e beatos:
Santo Alderico ou Audry — bispo de Le Mans, conselheiro do imperador Luís, o Piedoso. Morreu em 865.
Santo Anastácio (†977) — bispo de Sens.
São Canuto Lavard (†1133) — filho do rei da Dinamarca. Distinguiu-se não só na guerra contra os piratas viquingues, mas sobretudo pela prática dos bons costumes e pelas virtudes da moderação e prudência. Por isso, desagradou aos súditos, que o mataram. É venerado como mártir.
São Cedda (†664) — bispo beneditino, evangelizador da região central da Inglaterra. Quis morrer e ser sepultado em uma das duas abadias por ele fundadas (em Lasting).
Santa Chentigerna (†734) — mãe de são Coellan, passou do palácio principesco para uma ermida, numa ilhota inglesa.
São Clero — martirizado no ano 300, em Antioquia.
São Crispim — bispo de Pavia, no século V.
São Cronan Beg — bispo de Aendrum, na Inglaterra (século VII).
Santo Emiliano (†767) — beneditino francês.
Santos Félix e Januário — martirizados em Heracléia, no século III.
Santo Hilônio ou Tílon (†702) — escravo resgatado por santo Elígio, fez-se monge e evangelizou a região de Tournai.
São Juliano de Cagliari — mártir venerado na Sardenha. Seus restos mortais foram localizados, mas não dispomos de informações sobre sua vida.
São Nicetas de Remesiana (†414) — bispo missionário na Dácia.
São Rinaldo ou Reinold (†960) — monge beneditino da Abadia de São Pantaleão, em Colônia. Dirigiu os trabalhos
da famosa catedral, mas foi morto a marteladas pelos pedreiros.
São Teodoro do Egito — monge numa ermida do Egito, no século IV.
São Valentim (†470) — bispo missionário na Récia; morto em Mais, no Tirol.