A partir de meados do século X até o começo do século XII, a abadia de Cluny, na Borgonha, exerceu a mais poderosa influência sobre a vida monástica da Europa Ocidental e desempenhou um papel importante nos assuntos da vida religiosa, perdendo apenas para o próprio papado. Como centro e autoridade orientadora de uma ampla “reforma” monástica”, esta abadia exerceu sua influência sobre a vida e o espírito dos monges de S. Bento durante um período de tempo muito mais prolongado, e esta influência pode ser sentida ainda hoje em dia. Cluny deve sua força propulsora e suas realizações principalmente aos seus oito primeiros abades, dos quais Santo Odo foi o segundo.
Ele foi educado na família de Fulk II, conde de Anjou, e posteriormente, na família de Guilherme, duque de Aquitânia, que fundou a abadia de Cluny. Com a idade de dezenove anos, Odo recebeu a tonsura e uma prebenda na igreja de São Martinho, em Tours, e passou alguns anos estudando em Paris. Aí dedicava muito tempo ao estudo da música, entusiasmo esse que era compartilhado pelo seu mestre Remígio de Auxerre.
Certo dia, ao ler a Regra de S. Bento, Odo ficou chocado ao constatar quão longe estava a sua vida das regras da perfeição que nela estavam estabelecidas, e decidiu abraçar a vida monástica. Algum tempo depois, ele se dirigiu até o mosteiro de Baume-les-Messieurs, na diocese de Besançon, onde o abade Berno lhe conferiu o hábito, em 909.
A abadia de Cluny foi fundada no ano seguinte pelo Duque Guilherme, e foi confiada aos cuidados de São Berno, que colocou Santo Odo para dirigir a escola do mosteiro de Baume. Odo tornou-se o quinto Abade do Mosteiro de Cluny. Durante 54 anos no ofício, ele trouxe outras casas para se afiliarem ao seu mosteiro e ficarem subordinadas às regras austeras da casa matriz e aumentou o número de fundações de 37 para 65.
Em 998 (algumas fontes colocam 1031), ele ordenou todas as casas de sua ordem a celebrarem no dia 2 de novembro, o dia da memória e de oração aos mortos e que ficou sendo o dia de Finados. Esse costume se alastrou em toda a Igreja Ocidental.
Embora ele fosse amigo de príncipes e papas, Odo era muito gentil e bondoso e conhecido por toda a cristandade como liberal e preocupado com os pobres, famintos e doentes e ficou famoso pela sua ajuda aos famintos na seca e fome de 1006, quando o tesouro de suas casas alimentaram os pobres e de novo na fome e praga de 1028–1033.
Muito piedoso, Santo Odo juntava seu caráter firme com gentileza e bondade, e possuía notável senso organizacional e grande habilidade de reconciliar inimigos. Ele promoveu o espírito de ajuda entre os mosteiros e tentou acabar com os abusos e disputas. Ele promoveu também o espírito de unidade entre as suas casas e a Santa Sé.
Seus sermões favoritos eram sobre os mistérios da encarnação de Jesus durante o Natal. Ele também escreveu bastante sobre o papel da Virgem Maria e os trabalhos sobre Maria, de São Bernardo, são muito influenciados pelos escritos de Santo Odo.
No ano de 942, Odo foi a Roma pela última vez, e na volta fez uma visita ao mosteiro de São Juliano, em Tours. Depois de participar das solenidades da festa do seu padroeiro São Martinho, ele se recolheu ao leito, vindo a falecer no dia 18 de novembro, aos 86 anos. Um dos seus últimos atos foi compor um hino, que ainda existe, em honra de São Martinho. Apesar de sua vida de intensa atividade, Santo Odo encontrava tempo para escrever, além de um outro hino e doze antífonas em verso em honra de São Martinho, três livros de tratados sobre a moral, uma vida de São Geraldo de Aurillac e um longo poema épico sobre a Redenção. Existe também uma tradição mencionada por todos os seus biógrafos, segundo a qual ele escreveu diversos livros de música sacra.
Na arte litúrgica da Igreja Santo Odo é representado como um Abade Beneditino com uma caveira e dois ossos cruzados a seus pés. Sua festa é celebrada no dia 18 de novembro.
Já a abadia de Cluny, que era uma das maravilhas da França Medieval, até o apronto final da Igreja de São Pedro, no Vaticano, no começo do século XVI, seguramente fora o maior complexo arquitetônico da cristandade ocidental e um dos maiores do mundo. Então ocorreu a Revolução de 1789 e a outrora poderosa Cluny, espoliada e vandalizada pela onda descristianizadora, desencadeada na ocasião, deixou de existir.
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Santo Frediano
Século VI
Os registros mais antigos indicam seu nome como Frigianu ou Frigdianus.
Nasceu na Irlanda. Cristão e monge, teria saído de sua terra natal como peregrino e estudante, com destino a Roma. Encontra-se os registros de sua permanência nos arredores da cidade de Luca, na Toscana – Itália; vivendo como ermitão.
A presença do monge foi reconhecida pela população tipicamente rural, sempre castigada pelas enchentes do rio Serchio que passa ao lado da cidade. A sua vida austera, de trabalho, oração e penitência, somada à sabedoria e cultura, se tornaram evidentes. Também sobressaia sua energia e liderança.
O clero e o povo da localidade reconheceram que Frediano era o cidadão mais indicado para ser seu bispo. Possuía seus dons naturalmente sempre valorizados, e que, especialmente nesse período histórico tão tumultuado do país, eram essenciais. Assim foi eleito e consagrado bispo de Luca em 560. Um fato inusitado.
Utilizou toda o conhecimento que possuía sobre matemática, engenharia, agricultura e hidrografia, para ajudar a população. As suas ações logo ganhavam fama de prodígio. O mais divulgado, e que se notabilizou, foi o que cita o desvio do curso do rio Serchio e do conseqüente beneficio causado a toda a zona rural de Luca.
Segundo a tradição, Frediano traçou com um restelo o novo curso do rio, no qual, por meio de um prodígio, as águas se canalizaram logo em seguida. Conduziu o rebanho de sua diocese com muita dedicação e caridade. Sempre cuidando dos desamparados, era incansável, na busca de doações para construir asilos, orfanatos, hospitais, igrejas e mosteiros.
O bispo Frediano veio a falecer no dia 18 de março de 588.
Daquele momento em diante, a fama de santidade de Frediano e o célebre episódio do rio Serchio alastraram-se e a sua devoção se fez ainda mais intensa. Foi até citada no livro “Diálogos”, escrito pelo papa São Gregório Magno. Também as congregações que se estabeleciam na sua basílica, em Luca, difundiram-lhe o culto.
Sua obra cresceu na bem antiga e pequena comunidade monástica, os conhecidos “Cônegos de São Frediano”, os quais o bispo Anselmo de Baggio, se tornou papa Alexandre II.
A sua festa acontece no dia 18 de novembro, data que recorda o traslado das suas relíquias, no século XI, para a atual Basílica de São Frediano, em Luca.
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