No fim do segundo XIX, em Nápoles, foi constituído um renascer primaveril de programas educativos cristãos, no instante em que se registravam situações políticas e sociais muito complexas.
“Ensinarei sempre o catecismo, até o meu último sopro de vida. E vos asseguro que morreria contentíssima lecionando o catecismo” foi o lema de uma vida toda dedicada a catequese, a de Julian Salzano.
Julia Salzano nasceu em Santa Maria Capua Vetere (Caserta), dia 13 de outubro de 1846, filha de Diego Salzano, capitão dos lanceiros de Fernando II, rei de Nápoles, e de Adelaide Valentino. Aos quatro anos ficou órfã de pai e como sua mãe não sabe como manter a família, Julia foi confiada às Irmãs da Caridade no Orfanato Real de São Nicolau La Strada, onde permaneceu até os quinze anos de idade.
Diplomada professora, recebeu o encargo de ensinar na Escola Municipal de Casoria, na província de Nápoles, para onde se transferiu toda a família.
Em Casoria, Julia não se limita a exercer a função de professora, encontra tempo para visitar os doentes e ajudar os pobres, mas sobretudo começa a preparar as crianças para a Primeira Comunhão.
“Dona Julieta”, como é chamada em sinal de deferência, manifestou um notável interesse pelo catecismo para educar na fé as crianças, os jovens e os adultos, cultivando, ao mesmo tempo, a devoção à Virgem Maria. Para tanto abriu sua casa não apenas para seus alunos, mas também a todas as crianças da região, organizando cursos de catecismo para os jovens, as mães e os operários, guiando os fieis na oração.
Abriu uma oficina para confecção de paramentos para as igrejas pobres, promovia a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, junto com a Beata Catarina Volpicelli, vivendo o lema: “ad maiorem Cordis Iesu gloriam”; difundia a recitação do Rosário e a prática do mês de maio.
Aos 50 anos, sente que é necessário dar continuidade à sua obra de catequese. Já tinha em torno de si algumas ex-alunas e outras jovens que se deixavam atrair por sua influência e com elas fundou, em 1894, a Obra de Catequese, que dez anos depois se tornaria uma congregação, com o nome de Irmãs Catequistas do Sagrado Coração.
Julia as instruía e preparava repetindo: “Em qualquer hora a irmã catequista deve sentir-se disposta a instruir os pequeninos e os ignorantes; não deve medir os sacrifícios requeridos por este ministério, antes deveria desejar morrer no cumprimento do próprio dever, se assim fosse do agrado de Deus”. Ela as precedia com o exemplo, dedicando-se completamente à catequese, apesar dos trabalhos para dirigir o Instituto.
Em 16 de maio de 1929, na idade de 83 anos, examinou mais de cem crianças que deveriam ser admitidas à Primeira Comunhão. Na madrugada seguinte, entregou sua alma a Deus, fiel ao propósito de “ensinar o catecismo até o último sopro de vida”.
Esta figura única de fundadora devotada à catequese foi proclamada beata em 23 de abril de 2002, e canonizada em Roma por Bento XVI em 17 de outubro de 2010.
A sua Congregação se expandiu não somente pelas cidades italianas, como também pela Europa, Canadá, Brasil, Filipinas, Peru e Índia.