Ida, filha de Godofredo, duque da Lorraine, era descendente de Carlos Magno. Nasceu em 1040 e recebeu de Doda, sua mãe, santa educação. Aos 17 anos, por vontade de seus pais, casou-se com Eustáquio II, conde de Bolonha, descendente de Carlos, o Calvo. O esposo possibilitou que se entregasse à oração e às obras de caridade, e até a acompanhou. E ambos viveram o seu matrimônio no temor de Deus. Tiveram três filhos: Eustáquio III, que herdou o condado de Bolonha, Godofredo de Bulhão, que foi rei de Jerusalém, após ter conquistado a Terra Santa, e Balduíno, que sucedeu a seu irmão como rei em Jerusalém.
Do casamento de Ida e Eustáquio nasceram vá-rias filhas, uma das quais casou-se com o imperador Henrique IV, que se tornou célebre por ter enfrentado o papa Gregório VII, em 1073, mas depois achou que seria boa política implorar do pontífice o perdão; o papa então, conservando-o de pés descalços sobre a neve, e apenas coberto com um cilício, só o recebeu três dias depois do castigo. Todas as suas ações tenderam a formar os filhos na piedade e a enchê-los do temor do Senhor. Possuía humildade sincera e profunda, desprezando a grandeza e o brilho. Mortificava seu corpo, sob as ricas vestes a que sua condição a obrigava. Suas obras de caridade, proporcionais aos grandes bens que possuía, atingiram por todo o tipo de indigentes e estrangeiros, doentes, viúvas, órfãos; a ocupação que mais lhe agradava era fazer enfeites para altares e ornamentos sacros para os ministros do Cristo.
Trabalhou com seu marido na restauração de igrejas de seus estados; reformou o célebre santuário de Nossa Senhora de Bolonha.
Teve por diretor espiritual santo Anselmo, então monge de Bec, na Normandia; ele a visitou várias vezes em Bolonha e escreveu para ela várias obras.
Após a morte de seu marido, vendeu parte de seus bens para fundar mosteiros. Enriqueceu muitas dessas casas com preciosíssimas relíquias, em parte dadas por seu filho Godofredo e em parte recebidas da Inglaterra. Foi assim que surgiram as casas de santo Wulner de Bolonha, para os religiosos de santo Agostinho, de Wast, a duas milhas da cidade, de Nossa Senhora da Capela, perto de Calais. Restaurou o mosteiro de Samer, quase que totalmente arruinado e fez valiosíssimas doações às casas de são Bertino, de Bouillon e de Affighen, esta nos Países Baixos.
Muitos dos grandes feitos da Primeira Cruzada foram atribuídos às suas orações. Guilherme de Tiro testemunhou que Deus fizera Ida conhecer o futuro de seus filhos quando ainda pequenos.
Após vida passada nas boas obras, morreu no ano, no mês e no dia que anunciara, 13 de abril de 1113. Os pobres, as viúvas, os órfãos e todos os seus súditos em geral choraram amargamente sua perda. Fez vários milagres em vida e muitos outros em seu túmulo. Seu corpo acha-se com os religiosos de Wast.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.