Santa Dorotéia nasceu em Cesaréia, Capadócia, atual Turquia. Jovem, bonita, rica, bem educada, atraía a atenção de todos pela sua doçura, paciência e humildade. Dorotéia foi uma das primeiras vítimas do governador Fabrício, quando este recebeu ordens para exterminar de vez o cristianismo.
Embora pouco aparecesse em público, desenvolvia uma intensa atividade entre os cristãos, animando-os a perseverarem na fé. Foi denunciada, levada ao tribunal, submetida a interrogatórios e intimada a oferecer sacrifícios aos deuses. Ela porém, movida por uma santa ousadia, confessou pública e corajosamente sua fé. Irritado, o governador condenou-a a morrer decapitada. Antes, porém, mandou esbofeteá-la, torturá-la e expô-la às maiores humilhações.
Conta uma lenda que ao sair do tribunal, um advogado de nome Teófilo lhe disse com ironia: ‘Dorotéia, esposa de Cristo, envia-me frutos ou rosas do jardim de teu esposo”. Chegando ao local do martírio, Dorotéia avistou um menino a quem entregou o lenço com que havia enxugado o suor do rosto, pedindo-lhe que o entregasse ao advogado. Ao receber o lenço, na hora exata em que ela morria, Teófilo não se conteve e começou a louvar e dar graças a Deus. Foi denunciado como cristão e imediatamente levado à presença do governador Fabrício para ser interrogado. Ele confessou que não mais acreditava nos deuses de Roma, mas no Deus vivo e verdadeiro de Dorotéia e foi imediatamente decapitado.
O episódio da conversão de Teófilo inspirou os artistas a apresentarem Santa Dorotéia, sentada aos pés da Virgem Maria que tem ao colo o Menino Jesus. Dorotéia tem uma coroa de rosas na cabeça, um ramalhete de margaridas numa das mãos e, na outra, uma cesta de flores e frutos. Em outras representações, a cesta está nas mãos de um anjo encarregado de levá-la a Teófilo, e o pequeno mensageiro está ao seu lado direito. Santa Dorotéia é conhecida como a santa das flores.
O mundo de hoje, onde os fortes e poderosos continuam dominando os mais débeis e fracos, necessita de pessoas firmes como Santa Dorotéia, capazes de não se curvar ante a prepotência dos ‘Fabrícios’ que, a todo custo, querem impor seus valores e sua vontade. Mas, certamente só quando nós cristãos assumirmos com amor e destemor os valores do Evangelho, é que esse nosso mundo, saturado de violência, mas carente de beleza e de pão, vai poder ver flores nas mãos dos que antes portavam armas, e cestas com saborosos frutos sobre as mesas onde antes imperava a fome.
Ingrid da Suécia
Bem-aventurada
séc. XIII – não deixou que o mundo de luxo, futilidades e poder contaminassem sua alma
Ingrid nasceu perto da metade do século XIII, na nobre família Elovsdotter, na Suécia. Cristãos fervorosos, os pais deram a ela e aos outros filhos uma educação digna dos fidalgos e no rigoroso seguimento de Cristo. A menina, desde os primeiros anos de vida, mostrou-se muito virtuosa, amável, caridosa e pia, surpreendendo a todos com seu cândido ideal religioso.
No início da adolescência, como era costume da época, teve de contrair um riquíssimo casamento. Mesmo contrariando sua vocação, ela aceitou tudo com humilde resignação, mas não deixou que o mundo de luxo, futilidades e poder contaminassem sua alma, apesar de ter de conviver nele. Continuou, serenamente, a cuidar das obras de caridade que fundara para os pobres e doentes abandonados, os quais atendia pessoalmente. Possuindo dons especiais de profecia e cura, gozava, entre a população, da fama de santidade.
Ingrid enviuvou pouco tempo depois. Assim, decidiu fazer uma longa peregrinação para a Terra Santa, acompanhada por sua irmã mais velha e algumas damas da corte. Ali seu amor ao Senhor Jesus aumentou ainda mais, alimentando o seu desejo de consagrar-se à vida religiosa. Da Palestina viajou para Roma, onde visitou os túmulos dos apóstolos e dos primeiros mártires e de lá foi para Santiago de Compostela, na Espanha, rezar junto às relíquias do apóstolo Tiago.
Só então Ingrid retornou para a Suécia. Logo depois, em 1281, seguindo seu confessor e orientador espiritual, padre dominicano Pedro de Dacia, e com a autorização do bispo e do rei, ela fez seus votos perpétuos e fundou um mosteiro, sob as Regras de são Domingos, em Skanninge, Suécia. Nele, junto com um grande número de jovens da corte, dedicou-se, totalmente, às orações contemplativas e à vida de rigorosa austeridade.
Morreu como priora, com fama de santidade, no dia 2 de setembro de 1282, no seu convento em Skanninge. Seu culto se espalhou depressa entre as populações vizinhas e difundiu-se entre os devotos.
O papa Alexandre VI confirmou o culto à bem-aventurada Ingrid e o dia de sua morte para sua celebração.
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