Atualmente já não se faz mais a comemoração de Santa Apolônia na liturgia oficial. É uma memória que ficou para a devoção particular. Trata-se com certeza de uma pessoa histórica, se bem que a narração da sua vida tenha sido enfeitada por elementos lendários.
Os nomes Apolônia, Apolônio, Apolinares, eram muito usados na antiguidade, pois se relacionam com o nome de Apolo, o deus grego da luz. Muitos santos levam este nome, embora não tenham se inspirado no Deus Apolo, mas sim no rei da glória, Cristo Jesus.
Apolônia morreu mártir no tempo do imperador Décio, no ano 250.
Este imperador desencadeou uma das mais terríveis perseguições contra o Cristianismo, usando inclusive métodos diabólicos. Sua preocupação não era fazer mártires, mas sim desfazer cristãos, isto é, levar os cristãos através de atrozes, mas lentas torturas, à apostasia.
Neste período contam-se numerosos e célebres mártires, entre os quais o Papa Fabiano, São Sisto, São Lourenço, São Tarcísio, Santa Ângela e muitos outros.
Apolônia pertencia à Igreja de Alexandria, no Egito, comunidade cristã que a tradição diz ter sido fundada pelo evangelista Marcos. Lá floresceu a famosa escola de catequese e de exegese bíblica, fundada pelos santos Panteno e Clemente, e que teve entre os seus professores o gênio de Orígenes. Este era contemporâneo de Santa Apolônia e que teve que sofrer terríveis torturas por sua fidelidade a Cristo, cujas consequências o levaram à morte no ano 254.
Era bispo daquela cidade um digno varão, de nome Dionísio, que foi capturado pelos soldados imperiais. Enquanto estava sendo levado ao martírio, foi arrancado das mãos dos verdugos por uma corajosa turma de cristãos e levado longe para o deserto líbico, onde ficou até terminar a perseguição.
Foi este santo bispo que, antes de ser preso, presenciou o martírio de Apolônia e nos deixou um precioso relato histórico numa carta que escreveu ao seu amigo Fabiano, bispo de Antioquia.
Assim descreve Dionísio: “Os perseguidores capturaram também Apolônia, uma jovem cristã, digna de toda a nossa admiração. Não conseguindo leva-la a desistir da sua fé em Cristo, os perseguidores, primeiro, arrancaram-lhe barbaramente todos os dentes com fortes golpes nos queixos. Em seguida, feita e acesa uma fogueira, ameaçaram queimá-la viva, se não proferisse com eles palavras que engassem a fé cristã. Ela, porém, deliberando um pouco consigo mesma, escapou inesperadamente das mãos daqueles algozes. Inundada de imenso amor a Cristo, sentiu-se inspirada pelo Espírito Santo (assim entenderam os cristãos contemporâneos), espontaneamente se lançou à fogueira que lhe tinham preparado, deixando cheios de terror os carrascos, ao verem que uma jovem mulher fora mais pronta para a morte que o perseguidor à execução”.
Esta santa encontrou muita simpatia entre os fiéis, que lhe dedicaram, em todos os tempos, uma veneração incondicionada. O gesto por ela praticado de se atirar nas chamas, embora por si não imitável, foi considerado um gesto de heroísmo, sob a inspiração do alto.
Apolônia é invocada nas dores de dentes, e popularmente é considerada patrona dos dentistas.
CONTI, Dom Servilio, IMC, O Santo do dia, 2ª edição, vozes, Petrópolis, 1984, págs. 70 e 71)