Rezada há cerca de 1.200 anos, a oração do Santo Rosário permanece até os dias atuais como parte essencial da vida dos verdadeiros devotos de Nossa Senhora. E se engana quem pensa que esses devotos se constituem apenas das vovós que rezam o terço todos os dias. Cada vez mais, os jovens, as crianças e as famílias têm essa oração como hábito diário, cultivando uma verdadeira devoção aos mistérios da vida de Cristo e à intercessão mariana.
É o caso de Renato Rocha, responsável nacional pelas Equipes de Jovens de Nossa Senhora (EJNS), movimento que existe há mais de 30 anos e começou no Encontro Internacional das Equipes de Nossa Senhora, em 1976, em Paris. Renato começou a participar das EJNS em 2006, quando o movimento chegou à cidade dele, Vinhedo, SP. Hoje, no Brasil, as EJNS já estão em 26 cidades, a maioria no Sudeste, Centro-Oeste e algumas no Nordeste do país.
Renato conta que, antes de participar das Equipes de Jovens de Nossa Senhora, o terço se resumia, para ele, em uma repetição automática de palavras. “Hoje a minha percepção do terço é totalmente diferente. O terço funciona como meio para alcançar um contato com Deus e Nossa Senhora. Enquanto repito as ave-marias em voz alta, meu coração está refletindo sobre o mistério proposto ou refletindo sobre os ensinamentos de Deus”, explica.
O jovem de 27 anos reza diariamente o terço, considerado pelas EJNS um dos pontos mais importantes na busca da santidade. “Acredito que os maiores frutos que o terço me proporciona é a mudança como católico e ser humano. Pelo menos para mim, é principalmente durante o terço que Deus e Nossa Senhora me mostram para onde devo ir, ou como devo agir para me tornar cada vez mais parte efetiva do Corpo de Cristo”, diz Renato.
Otávio Ávila, de Ibiporã (PR), também pode testemunhar os frutos que a oração do terço traz em sua vida. O jovem de 22 anos participa do Movimento Apostólico de Shoenstatt, fundado pelo Padre José Kentenich, na Alemanha. O primeiro Santuário de Nossa Senhora Três Vezes Admirável de Schoenstatt no Brasil foi fundado em 1948, em Santa Maria (RS). Hoje, existem Santuários em 21 cidades brasileiras.
Desde que começou a participar, aos 15 anos, da Juventude Masculina de Schoenstatt (Jumas), levado pelos amigos por meio do futebol, Otávio acabou incorporando o terço e as demais práticas cristãs em sua vida. “O terço, para mim, era algo superficial e só depois de um tempo ainda no Movimento que entendi o valor aproximativo a Deus que o terço nos proporciona. Através dos mistérios podemos caminhar com Jesus nos mesmos passos que Ele”, conta o jovem.
Já a paulista Juliene Barros conhece a oração desde que nasceu, pois era uma prática constante na vida dos pais. Hoje, com 21 anos, ela coordena os jovens do Movimento da Milícia da Imaculada, fundado por São Maximiliano Kolbe em 1917. Juliene conta como o terço é também um importante instrumento na conversão dos jovens. “Em nosso grupo fazemos o terço na casa de jovens que estejam necessitando ter um contato maior com Deus. O terço é uma porta para este contato”, diz.
Os três jovens, mesmo sendo de Movimentos diferentes, mostram a riqueza da nossa Igreja, que tem uma Mãe em quem pode se apoiar, se espelhar e encontrar um amor fiel e sem limites.
O terço em família
Além ser cada vez mais presente na vida dos jovens, a oração do Santo Rosário ou mesmo do Santo Terço tem sido eleita por vários casais como uma prática de oração familiar. Disso pode dar testemunho a família de Hugo e Carol Sousa. Com os cinco filhos, Saulo (14), Lorena (12), Gabriel (10), Caio (8) e Emanuela (5), o casal de 15 anos de matrimônio reza o terço diariamente, faça chuva ou sol, no Guará, cidade satélite de Brasília (DF).
Quando solteiros, já participavam da Igreja e, ao se casarem, mantiveram o ideal de busca de santidade em família. Hugo e Carol participam do Movimento das Equipes de Nossa Senhora e já rezavam o terço semanalmente. Mas, há três anos, quando o filho mais velho resolveu discernir se sua vocação era o sacerdócio, o casal resolveu rezar o terço diariamente em família.
“Foi muito difícil adquirir o hábito, porque quando a gente deixa de rezar um dia, acaba parando”, diz Carol, explicando que chegaram a rezar o terço por um ano ininterrupto, mas, depois pararam de vez, até voltarem em 2008. A prática continua sendo difícil, e, segundo a mãe de família, quando a decisão da oração diária foi tomada, é que as dificuldades se intensificaram. “Eu rezo em pé até hoje, senão eu durmo”, diz Hugo, explicando que rezam sempre antes de dormir.
Sentados todos na sala, onde estava uma imagem de Nossa Senhora do Rosário, a família conta alegre que, agora, rezar o terço já é como escovar os dentes: uma prática que faz parte, no melhor sentido, da rotina diária. “Isso fortificou a nossa fé para superar as tentações do dia a dia, especialmente a questão matrimonial. Quando temos algum atrito, a gente reza mesmo assim. E Nossa Senhora vai acalmando”, testemunha Carol.
Com o número de filhos igual ao número de mistérios do terço, o casal conta que cada mistério é oferecido por um filho, consagrando a Nossa Senhora a educação de todos eles. E quem pensa que as crianças rezam obrigadas pelos pais se surpreende ao ouvir o fato narrado por Carol sobre um dia em que chegaram tarde à casa. “Quando a gente chegou, eles estavam no quinto mistério. Eu fiquei emocionada, até chorei”, conta a mãe.
Entre tantos títulos de Maria, as crianças contam qual é sua “Nossa Senhora preferida”. Para Saulo, o mais velho, assim como o pai, é Nossa Senhora de Guadalupe. Para Lorena e para a mãe, Nossa Senhora de Fátima. Para Gabriel, Nossa Senhora das Graças. Caio achou interessante a Nossa Senhora da Cabeça, que descobriu há pouco tempo. A caçula Manu gosta de Nossa Senhora Aparecida.
Mas não importam as preferências, quando todos os nomes de Maria estão abaixo de seu título principal, o de Mãe. E isso, todos dessa família simples mas extraordinária em seu testemunho de perseverança, reconhecem. Tanto que, ao se despedirem da entrevista, o pai logo diz: “Tchau, que ainda temos que rezar o terço hoje”.
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Por Marília Coelho