Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos
Neste domingo a liturgia nos convida a refletirmos sobre nossa vocação.
A leitura do Profeta Isaías fala da vocação do Servo do Senhor, escolhido por Deus desde o seio materno para cumprir uma missão muito importante.
Acontece que, logo no início, vemos que esse servo não é uma pessoa em especial, mas um povo, o Povo de Israel. “Tu és o meu Servo, Israel, em quem serei glorificado.”
Contudo, Israel está em uma situação nada feliz. É um povo exilado, prisioneiro e escravo na Babilônia. Mas é assim que Deus lhe dá uma grande missão, levar a salvação a todos os povos. O Senhor quer servir-se de um povo escravo para protagonizar uma grande missão e manifestar a todos os povos sua glória, isto é, a libertação das pessoas de todo e qualquer tipo de opressão.
Foi Maria, a humilde serva do Senhor, a escolhida para ser a Mãe de Deus. Jesus vem a nós na fragilidade de um recém-nascido e nos comprova, através de sua vida, que a encarnação foi para valer, ele é um humano, sua humanidade não é aparente. Ao fazer-se homem, ele também se fez pobre, assumindo a condição social humana de quem nada tem.
Deus quer salvar os homens, não de acordo com os nossos valores, mas segundo o seu coração, tornando-os mais filhos e irmãos, à sua própria imagem e à do seu filho, divinizando-os.
A festa do Natal celebrou essa ação de Deus e Jesus é apresentado como o verdadeiro Servo do Senhor. Sua paixão e morte na cruz ratificarão esse desígnio de Deus, de nos salvar através da entrega amorosa e radical de seu filho. Será através do aparente fracasso e da morte que o Senhor se tornará vitorioso em sua missão.
João Batista percebe tão bem essa missão de Jesus, que o apresenta como o Cordeiro que veio tirar o pecado do mundo. Sabemos, pelo relato do Êxodo, que o cordeiro, para libertar o povo, deverá ser imolado; assim é Jesus, o Cordeiro imolado de Deus. Do mesmo modo que o sangue do cordeiro da páscoa libertava os judeus da escravidão egípcia, o sangue do Cordeiro Jesus nos liberta, através do batismo, da escravidão da morte eterna.
Na segunda-leitura, Paulo fala de sua vocação, do chamado pessoal feito a ele por Deus, para anunciá-lo onde jamais foi conhecido.
Vimos na primeira leitura que a vocação é comunitária, que o Servo representa um grupo. A aspersão do sangue de Jesus, a imersão batismal, nos torna irmãos e filhos, nos faz Igreja, Povo de Deus. Eis nossa vocação. Nossa missão é – em meio a tantos crimes, guerras, ódios, pecados – anunciar a bondade do Senhor que ama, que perdoa, que quer nossa felicidade, custe o que custar, até a morte de seu Filho na cruz, para nossa redenção.
Fonte: Site VaticanNews