Milano Alberto Manzoni
A poucos dias da beatificação de Dom Carlo Gnocchi – que acontecerá Domingo, dia 25, às 10h, na Catedral de Milão – estão esgotados os ingressos gratuitos de acesso à praça. Isso significa que estarão presentes, pelo menos quarenta mil pessoas. Prevê-se que muitos outros desejarão assistir também de fora dos espaços delimitados para a celebração, que será transmitida diretamente pela Raiuno, da Telenova e através do portal da internet da arquidiocese ambrosiana (www.chiesadimilano.it).
O evento recordará, sobretudo aos mais idosos, o que aconteceu no dia 01 de março de 1956, quando cem mil pessoas acompanharam os funerais de Dom Carlo, celebrados na presença do então arcebispo de Milão, Giovanni Batista Montini: não coube a multidão na catedral; a maioria dos presentes à cerimonia ficou nos arredores.
A celebração eucarística será presidida pelo Cardeal Dionigi Tettamanzi, arcebispo de Milão, enquanto o rito de beatificação será presidido pelo representante do Papa, o arcebispo Ângelo Amato, prefeito da Congregação das Causas dos Santos. Concelebrarão também os Cardeais Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação para os Bispos, cerca de dezesseis bispos e de duzentos sacerdotes, entre os quais diversos capelães militares, em particular dos “alpini”¹.
A celebração será precedida de diversas iniciativas, a partir da carreata de automóveis que, no sábado de tarde, dia 24, acompanhará a urna com o corpo de Dom Carlo da capela do centro “Santa Maria Nascente” – Instituto da Fundação “Dom Carlo Gnocchi” até a igreja de São Bernardino, de onde partiram os funerais, há 53 anos. Dali, após uma vigília de oração na Basílica de Santo Estêvão e, depois, à noite, durante a qual os “alpini” farão guarda à urna, às 9h de Domingo, iniciar-se-á o cortejo até a praça da Catedral. A urna, ainda coberta, será trasladada nos ombros dos ”alpini”. No momento da proclamação de Dom Carlo como beato, será tirado o tecido da urna, enquanto será também exposto o estandarte na fachada da Catedral. Terminada a missa, às 12h, será feita a ligação da tela eletrônica para assistir o Ângelus do Papa; então, a urna será levada até a igreja de São Sigismundo, em Santo Ambrosio, onde permanecerá exposta à veneração dos fiéis até dia 27 de outubro.
Presentes em grande número – cerca de 15 mil – estarão os “alpini”, que tem no coração de Dom Carlo, capelão na trágica campanha da Rússia, da qual o padre milanês voltou trazendo para muitas famílias as últimas palavras dos seus jovens esposos, mortos por causa dos ferimentos e do frio. Mas além dos “alpini”, além de outros colaboradores e participantes da “Dom Gnocchi”, estarão presentes os irmãos das escolas cristãs, os membros da Aido (Associação italiana de doadores de órgãos), que têm motivos particulares para recordar o grande educador e pioneiro da doação de órgãos. Pois, como se sabe, como último ato de amor, Dom Carlo doou as suas córneas para que outras pessoas pudessem enxergar depois da sua morte. À celebração estará presente também Silvio Colagrande, que ainda hoje enxerga, graças a uma das duas córneas que Dom Carlo lhe doou em 1956.
Colagrande participou da entrevista coletiva, no arcebispado, onde falaram também Dom Gianni Zappa, moderador da cúria e presidente da comissão organizadora para a beatificação, e Dom Angelo Bazzari, presidente da Fundação “Dom Gnocchi” – a maior entidade italiana do “terceiro setor”. Nas suas intervenções, lembraram os traços característicos da figura de Dom Gnocchi – resumidos no lema: “Sempre a favor da vida” – , em preparação do dia 25 de outubro, que, como assinalou Dom Zappa – é a data de nascimento de Carlo Gnocchi, ocorrida em 1902, em São Columbano de Lambro. Dom Bazzari acentuou como os membros da Fundação devem ser “os continuadores não somente de um patrimônio de idéias e valores”, mas também da obra concreta em favor dos mais sofredores, confiada por Dom Carlo, com a afetividade do seu dialeto, aos seus colaboradores, através da frase: “Amigos, recomendo-vos a minha tenda”.
Notas:
¹ “alpini’ denomina-se uma divisão do exército italiano.
(Jornal L’Osservatore Romano – edição italiana de 23 de outubro de 2009 – Tradução: Pe. Raul Kestring)
Blumenau, 23 de outubro de 2009