Nos primeiros anos da nossa jubilar Diocese de Blumenau, trabalhou entre nós Pe. Mário Celli. Nascido em Monteporzio Catone (Roma) no dia 07 de dezembro de 1943, faleceu no Hospital São Luiz, Morumbi, em 04 de maio de 2012, à idade de 68 anos.
Foi seminarista da Diocese de Frascati (Roma) e, no fim do primeiro ano de Teologia, 1964, entrou para a Congregação dos Xaverianos, de perfil missionário. Conta ele: “Eu disse Sim ao ideal missionário por uma exigência e uma necessidade espontânea de uma vida mais perfeita colocada à disposição da Santa Igreja, pelas suas carências mais urgentes, para a glória de Deus e o bem das almas. A minha escolha pela Sociedade Xaveriana não foi determinada por motivos particulares, mas por uma simpatia espontânea para com ela, creio que foi o Senhor que escolheu para mim”.
No início do último ano de Teologia, em 29 de outubro de 1967, foi ordenado presbítero na sua paróquia de origem, Monteporzio Catone.
Os formadores evidenciam a riqueza de personalidade do Pe. Mário: “Celli é dotado de vários talentos. É um competente mestre de canto, certamente o melhor entre quantos tem passado pelo seminário de Nizza. Sabe pintar. Sucede-se bem nos estudos. Exercitou-se também na humildade, na obediência, no espírito de fé, no silêncio, na devoção a Nossa Senhora. Poderá se tornar um ótimo religioso.
Em agosto de 1968 partiu para o Burundi (África), onde trabalhou por dez anos. foram os anos do imediato pós-concílio e, para o Burundi, do início da vida democrática, depois da independência. São também os primeiros anos da presença xaveriana ali. Trabalhou em diversos lugares, especialmente com os refugiados burundeses, e também no Congo. Sentindo-se cansado, pediu para voltar para a Itália, onde, entre outros empenhos, conseguiu completar os estudos, chegando ao doutorado em Teologia e em Teologia Pastoral, além de um curso de Comunicação Social.
Em 1981 foi mandado para o Brasil. Aqui serviu a Igreja nas comunidades paroquiais das periferias em São Paulo. Admirado e sustentado por Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo de São Miguel Paulista, Brasilândia e depois de Blumenau, com seus dotes artísticos e sua boa formação contribuiu significativamente com a comunidade cristã.
Em Blumenau, trabalhou em diversas paróquias. Mas deu especial impulso à Pastoral da Comunicação como seu primeiro coordenador diocesano. Com seu conhecimento e experiência, animou encontros, apoiou o Jornal da Diocese, incentivou programas radiofônicos e televisivos e era solicitado pelos comunicadores da cidade, locutores, câmeras-men, criadores de programas, para cursos de capacitação. Não descuidou de seu compromisso missionário dando perspectivas novas à pastoral e à animação missionária, para a qual produziu diversificado material visual.
Como qualificado pintor, deixou em nossa cidade obras valiosas, como o grande painel de São Francisco no Cemitério São José e a Santa Ceia, pintada no interior da Igreja Matriz São Luiz Gonzaga, no Tribess. Ousado, no belo quadro do Tribess entre os apóstolos, pintou a própria face, tendo sido repreendido pela missionária italiana, psicóloga, que o assessorava. Mas o seu rosto já estava junto à sagrada mesa. Nas festas populares divertia a todos desenhando a caricatura das pessoas.
Na missa exequial, em 06 de maio de 2012, Dom Angélico assim falou sobre Pe. Celli: “Vigoroso discípulo missionário de Jesus, Padre Mário Celli partiu para a casa do PAI. Entre nós, exemplo do Senhor Jesus, passou fazendo o bem. Missionário Xaveriano, levou a Boa Nova à África, em comunidades do Burundi e Congo. Durante longos anos, marcou presença de ardoroso missionário no Brasil, quando tive a alegria de trabalhar com ele nas Regiões Episcopais da Arquidiocese de São Paulo, Brasilândia e São Miguel Paulista e na Diocese de Blumenau, na bela e Santa Catarina. Na Itália, integrou equipes dedicadas às missões “ad gentes”. A exemplo do fundador da família xaveriana, São Guido Maria Conforti, Pe. Mário tinha fascínio pela missão. Seu coração estava espraiado pelo mundo todo, com evangélica opção pelos pobres. Artista, encantava a todos com suas pinturas e músicas. Durante bons anos, residimos na mesma casa, em São Miguel Paulista, onde perseveramos na leitura orante da Bíblia, na contemplação da realidade, aprofundamento teológico, para dar resposta atual aos problemas do Povo. Na santa Missa de corpo presente, Jesus, no Evangelho, nos recomendou: “Não se perturbem os seus corações; tenham confiança, na casa do Pai há muitas moradas”. Confiantes, depositamos nosso Pe. Mário no Coração de Jesus a lhe dizer: “Venha, servo bom e fiel, receba a recompensa que lhe é preparada”.
Obrigado, Pai celeste, por nos ter dado por alguns anos, usufruirmos da ação pastoral e missionária do saudoso e querido Pe. Celli. Descanso eterno dai-lhe, Senhor e a luz perpétua o ilumine! Amém!
(Com informações da trajetória do Pe. Mário Celli, publicada no site da Congregação Xaveriana)
Pe. Raul Kestring – Blumenau, 27 de agosto de 2027