Sobre o sacerdócio feminino e a homossexualidade, entre outras questões
MOSCOU, terça-feira 20 de julho de 2010 (ZENIT.org) – O Patriarca Kirill, de Moscou e de todas Rússias, compartilha a visão do Papa Bento XVI em muitas questões atuais, especialmente do tipo moral e eclesial.
Assim afirmou o próprio em declarações realizadas por ocasião de sua viagem à Ucrânia e recolhidas pela agência russa Interfax.
"Devo dizer que a postura do atual Papa Bento XVI dá lugar ao otimismo", disse numa entrevista concedida aos canais de televisão ucranianos na véspera de sua visita àquele país.
Relembrou aos jornalistas que o Papa é amiúde criticado por "teólogos liberais e meios de comunicação de massa liberais no Ocidente" por suas opiniões.
"Entretanto, em muitas questões públicas e morais, a abordagem do Papa coincide plenamente com a abordagem da Igreja ortodoxa russa. Isto nos dá uma oportunidade para promover os valores cristãos com a Igreja católica, particularmente nas organizações internacionais e na cena internacional", afirmou
Ao mesmo tempo, o Patriarca reconheceu que estão ocorrendo "fenômenos muito perigosos" no protestantismo contemporâneo, nos quais os cristãos "deixam que elementos pecaminosos do mundo entrem em seu interior, e justificam esses elementos se lhes são oferecidos pela sociedade secular" e como resultado "lemas filosóficos secularistas liberais se repetem dentro das igrejas protestantes e se enraízam no pensamento religioso".
Nesse sentido, referiu-se à questão da ordenação de mulheres, que aparece no Ocidente quando a noção secular dos direitos humanos é incorporada à teologia, às práticas eclesiais, afirmou.
"Outro assunto é a atitude relacionada à homossexualidade. A palavra de Deus é distorcida para agradar ao padrão secularista liberal. Está escrito muito claramente que se trata de um pecado", acrescentou.
O Patriarca dirigiu-se aos meios ucranianos recordando também a importância de que ambos os países, Rússia e Ucrânia, se integrem na Europa preservando sua "identidade nacional, cultural e espiritual".
"Trata-se de um grande desafio nas condições atuais da globalização. Devemos preservar a diversidade e a beleza do mundo de Deus e, ao mesmo tempo, promover a cooperação internacional e o bom relacionamento pacífico entre as nações", disse o Patriarca.
Em sua opinião, se russos, ucranianos e bielo-russos rejeitam seus "valores básicos", a provável destruição da "matriz nacional" será "uma grande catástrofe da civilização – semelhante à perda da identidade de outras nações".
"O mundo seria unificado e horrível, o mundo será facilmente manipulável. Por quê? Porque esta cultura tradicional espiritual da maioria da população é o critério principal para distinguir o bem do mal", acrescentou o primaz da Igreja ortodoxa russa.