A Pastoral da Sobriedade vem hoje por em prática uma reflexão a respeito do consumo em demasia e da prática excessiva de toda e qualquer atitude. Comecemos pelas ações corriqueiras de sair e fazer umas ”comprinhas” para aliviar o estresse. Ao repetirmos esse comportamento, vamos encontrando aí uma fonte de prazer momentânea que pode ser interpretada pela forma de poder de aquisição, de investimento em beleza, de bem estar. E que fique claro que esta chamada não se resume apenas às mulheres, pois as comprinhas podem ser substituídas pelas inúmeras casas de malhação e de musculação, todas em nome de um modismo que busca o corpo idealizado, perfeito. Saúde pautada em complementos alimentares e físico esculturado. O excesso dessas práticas, assim como o do álcool podem ser bases de questionamentos para um vazio existencial, traçados pela ausência de confiança e de valores.
Quando falamos em dependência, muitas vezes nos reportamos àqueles que estão caídos nas ruas, àqueles delinqüentes, àqueles que já macerados pelo vício, estão caricaturados pela degradação social. Esquecemos, pois, que o consumismo, o culto ao corpo magro (anorexia) ou o seu oposto (obesidade), entre outros, confirmam doenças serias que começam provavelmente de forma sutil e depois tomam proporções graves da mesma maneira que a dependência de drogas.
Reafirmo que neste contexto estão principalmente o uso de drogas legais, que representam tão bem essa sensação de bem estar, que nos deixam mais extrovertidos, passando a idéia de mais seguros, de charme até. Hoje, o governo federal trabalha arduamente em campanhas de conscientização, pois reconhece que tem gastado bastante com o tratamento do câncer, com as aposentadorias beneficiadas aos cônjuges vítimas das doenças causadas pelo álcool e pelo tabaco.
A Pastoral da Sobriedade reconhece que uma vez instaurada a dependência, seja ela qual for – e por isso chama a atenção para as demais situações citadas acima – se intensifica a sensação de desespero nas vítimas e nas famílias. Elas sentem violadas a sua dignidade, sua consciência, seu espírito liberto. É preciso recuperar no ser humano aquilo que lhe falta, que lhes foi poupado ou não foi exercitado, que são os valores de amor pela vida, sobretudo se iluminados pela fé, capaz de dar sentido pleno a nossa existência.
A Igreja, em nome de Cristo, apresenta como alternativa a Terapia do Amor. Ela é atuante e quer não apenas acolher o dependente, mas combater o mal das drogas. A Igreja é luz que ilumina, levando ao conhecimento de uma vida mais digna, através da oração e do louvor. Nesse sentido, cria melhores condições para uma vida serena, gerando maior confiança afetiva e crescimento espiritual.
Contudo, a Igreja também é ação e conduz uma comunidade terapêutica para dependentes químicos, combatendo com coragem os desagravos que as drogas produzem na nossa sociedade, que vai desde a produção até a comercialização e o consumo. Chama também a atenção de todos para a responsabilidade em promover cooperação e comprometimento não apenas solidário, mas evangelizador, profissional e financeiro. Cada um deve se sentir convocado a fazer a sua parte.
Se você precisa de ajuda ou de orientação, procure-nos. A Pastoral da Sobriedade atende todas as segundas-feiras pela manhã na Catedral São Paulo Apóstolo.
Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade, Diocese de Blumenau