O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé e nosso diretor teve, ao meio do dia, um encontro com os jornalistas, para contextualizar a decisão do Papa e o que se lhe segue. Eis a parte central da sua intervenção.
Entre as razões da renúncia do Papa, como se nota pelas suas palavras, estão as circunstâncias do mundo de hoje que, em relação ao passado, são particularmente difíceis, pela rapidez e quantidade dos eventos e dos problemas que surgem, e portanto digamos, a necessidade de um vigor talvez mais forte do que no passado. Vigor que o Papa afirma ter diminuído em si nos últimos meses.
E’ significativa a frase: "Bem consciente deste acto, com total liberdade, declaro de renunciar ao ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro". Esta é a declaração, digamos formal, sob o ponto de vista jurídico importante. O Código de Direito Canónico, no cânon 332, parágrafo 2°, lê-se: "No caso em que o Romano Pontífice renuncie ao seu cargo, é necessário, para a validade da renúncia, que ela seja feita livremente e que seja devidamente manifestada. Não é necessário, pelo contrário, que alguém a aceite".
Os dois pontos fundamentais são, portanto, a liberdade e a devida manifestação.
Liberdade e manifestação pública, como exactamente é o consistório público, para o qual o Papa expressou a sua vontade.
Bento XVI permanece planamente nas suas funções e no seu serviço até 28 de Fevereiro às 20 horas. A partir de então, inicia a situação de sede vacante, regulada, sob o ponto de vista jurídico e canónico, pelos textos que se referem à sede vacante no Código de Direito Canónico e na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, sobre a vacância da Sé Apostólica, de João Paulo II.
A declaração do Papa é coerente com aquilo que o Papa tinha declarado no livro-entrevista "Luz do Mundo", de Peter Seewald, onde estão duas perguntas bem específicas que se referem à hipótese da renúncia.
Seewal havia perguntado numa primeira interrogação sobre situações difíceis se estas pesavam sobre o corrente pontificado e se o Papa tinha pensado de demitir-se. A resposta tinha sido: "Quando o perigo é grande não se pode fugir, eis porque este certamente não é o momento de se demitir" (a referência era à questão dos abusos, e assim por diante)", é precisamente em momentos como este que é preciso resistir e superar a difícil situação. Este é o meu pensamento. Pode-se renunciar num momento de serenidade, ou simplesmente quando já não se pode mais, mas não se pode fugir no momento de perigo e dizer "que se ocupe disso um outro".
Portanto, aqui o Papa tinha dito que as dificuldades não eram para ele motivo de demissão, antes pelo contrário razão para não renunciar.
A segunda pergunta de Seewal: "Portanto, é imaginável uma situação na qual Sua Santidade considera oportuno que o Papa se demita?". A resposta do Papa foi: "Sim, quando um Papa chega à clara consciência de não ser mais capaz física, mental e espiritualmente para realizar o encargo que lhe foi confiado, então ele tem o direito, e em algumas circunstâncias até o dever de renunciar".
Uma das primeiras perguntas poderia ser: e depois o Papa onde vai?
Quando iniciar a sede vacante, ele se transfere, num primeiro momento, a Castel Gandolfo e, quando tiverem terminado os trabalhos agora em andamento na sede onde havia um mosteiro de monjas de clausura, ele se transferirá para o Vaticano, lá onde estava o mosteiro Mater Ecclesiae.
Alí o Papa se dedicará substancialmente à oração e à reflexão
O Papa não participará no conclave porque terá já deixado o seu cargo, em seguida entrarão as diversas autoridades segundo a normativa da sede vacante, sem os ritos característicos e outras cerimónias que acompanham a sede vacante.
Podemos prever que no mês de Março, antes da Páscoa, deveríamos ter o novo Papa.
Rádio Vaticano, 11 de fevereiro de 2013, 17:59:19