Leituras Bíblicas
“Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68)!
Dia 16 de julho de 2010
Sexta-feira da 15ª semana do Temo Comum
A Igreja celebra hoje: Bartolomeu Fernandes dos Mártires, Bem-aventurado, 1514-1590 – Leia sua vida clicando: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/santo.aspx?Dia=16&Mes=7
Livro de Isaías 38,1-6.21-22.7-8:
Por este tempo, o rei Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal. O profeta Isaías, filho de Amós, veio visitá-lo e disse-lhe: «Eis o que diz o Senhor: Faz o testamento, porque vais morrer muito brevemente.»
Ezequias voltou o rosto para a parede e fez ao Senhor esta oração:
«Senhor, lembra-te que tenho andado fielmente diante de ti, com um coração sincero e íntegro, pois fiz sempre a tua vontade.» E começou a chorar, derramando lágrimas abundantes.
Então, a palavra do Senhor foi dirigida a Isaías nestes termos:
«Vai e diz a Ezequias: ‘Eis o que diz o Senhor, o Deus de teu pai Davi: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; vou acrescentar à tua vida mais quinze anos.
Hei de livrar-te, a ti e a esta cidade, das mãos do rei da Assíria e protegê-la-ei.’»
Depois, Isaías deu esta ordem: «Tragam um emplastro de figos e apliquem-no na parte doente e ficará curado.»
E Ezequias perguntou: «Qual é o sinal que me garanta que ainda poderei ir ao templo do Senhor?»
Isaías disse-lhe: «É este o sinal, da parte do Senhor, para que saibas que Ele cumprirá a promessa:
No relógio de sol de Acaz farei retroceder a sombra dez graus, tantos quantos tinha avançado.» E o sol retrocedeu os dez graus que já tinha avançado.
Livro de Isaías 38,10.11.12.16:
«Eu pensei: ‘A meio dos meus dias vou ter de descer às portas do Abismo, privado do resto dos meus anos’.
Eu pensei: ‘Não mais verei o Senhor na terra dos vivos. Não mais verei os homens entre os habitantes do mundo.
A minha morada é levada para longe de mim, como uma tenda de pastor; enrolei a minha vida como um tecelão, mas acabou-se-me por falta de fio. Dia e noite, Senhor, me estais consumindo,
Aqueles que o Senhor protege vivem, e entre eles viverei também eu. Tu me curaste, ó Deus, e me conservaste a vida.
Evangelho segundo S. Mateus 12,1-8:
Em certa ocasião, Jesus passava, num dia de sábado, através das searas. Os seus discípulos, que tinham fome, começaram a arrancar espigas e a comê-las.
Ao verem isso, os fariseus disseram-lhe: «Aí estão os teus discípulos a fazer o que não é permitido ao sábado!»
Mas Ele respondeu-lhes: «Não lestes o que fez Davi, quando sentiu fome, ele e os que estavam com ele?
Como entrou na casa de Deus e comeu os pães da oferenda, que não lhe era permitido comer, nem aos que estavam com ele, mas unicamente aos sacerdotes?
E nunca lestes na Lei que, ao sábado, no templo, os sacerdotes violam o sábado e ficam sem culpa?
Ora, Eu digo-vos que aqui está quem é maior que o templo.
E, se compreendêsseis o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício, não teríeis condenado estes que não têm culpa.
O Filho do Homem até do sábado é Senhor.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por
Aelred de Rielvaux (1110-1167), monge cisterciense
Le Miroir de la charité, III, 3,4 (a partir da trad. cf. Brésard, 2000 ans B, p. 80 e Bellefontaine 1992, p. 186)
Observar o descanso sabático
A princípio, temos de fazer o esforço de praticar as boas obras, para seguidamente repousarmos na paz da nossa consciência. […] É a celebração jubilosa de um primeiro descanso sabático, em que repousamos das obras servis do mundo […] e deixamos de transportar o fardo das paixões.
Mas podemos deixar o quarto íntimo em que celebramos este primeiro dia de descanso e dirigir-nos ao albergue do nosso coração, onde temos o hábito de nos alegrar com os que se alegram, de chorar com os que choram (cf. Rm 12,15), e de nos perguntar: «quem é fraco, para que eu o seja também? Quem tropeça, para que eu me sinta queimar de dor?» (cf. 2Cor 11,29). Aí, sentiremos a nossa alma unida à de todos os irmãos pelo cimento da caridade; aí, deixaremos de ser perturbados pelos aguilhões da inveja, de ser queimados pelo fogo da cólera, de ser feridos pelas flechas da desconfiança; estaremos libertos das dentadas devoradoras da tristeza. Se atrairmos todos os homens para o ambiente pacificado do nosso espírito, no qual todos são acolhidos, acalentados por uma doce afeição e em que já não somos com eles senão «um só coração e uma só alma» (At 4,32), nesse momento, ao saborear esta maravilhosa mansidão, o tumulto da cobiça imediatamente se silencia, a algazarra das paixões apazigua-se e, no interior, opera-se um desapego total de todas as coisas prejudiciais, um repouso alegre e sereno na doçura do amor fraterno. Na quietude deste segundo repouso sabático, a caridade fraterna já não deixa subsistir nenhum vício […]. Impregnado pela mansidão tranquila deste repouso, Davi explodiu num canto de júbilo: «Vede como é bom e agradável que os irmãos vivam unidos!» [Sl 133 (132),1].