O tsunami da fé – Artigo de Dom José Negri, PIME, publicado no Jornal de Santa Catarina, hpje, 30

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Viver os dias da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, foi como ter voltado, mesmo que, por poucos dias, à vida dos primeiros cristãos. Nas ruas e nas praças, havia um clima de festa e de fraternidade. Jovens cantando e rezando em dezenas de idiomas, pois eram de 175 países. Cruzando com eles, a pergunta chave era: “De onde você vem?” As respostas eram variadas: vinham de países da Ásia, da África, da Europa, da Oceania e, obviamente, das Américas. Era possível perceber as expressões de alegria e de felicidade de todos ao afirmar: nós pertencemos a uma mesma família, à família de Deus.

Um dos momentos mais significativos foi a vigília de sábado à noite. Lá estavam três milhões de jovens, em oração, com o papa Francisco. Fiquei impressionado na hora da adoração ao Santíssimo, quando se estabeleceu um profundo silêncio. Era difícil acreditar que, sendo tantos, todos pareciam um só corpo e uma só alma. Criou-se um clima fortíssimo de comunhão e de unidade daquela multidão com Jesus Eucarístico, ali presente. Jovens que, normalmente, estão acostumados com o barulho de sábado à noite, com a música em alto volume, com as vozes da praça, a ouvir o que lhes diz a mídia, ali deram o testemunho de que é possível parar, silenciar e ouvir a voz do Mestre. Pergunta-se: como ser “testemunhas” em um mundo como o atual, que prega o individualismo, o materialismo, o relacionamento virtual?

O Santo Padre lançou um desafio em três palavras: “Ide, sem medo, para servir”. O Papa pediu aos jovens que mostrem, por meio da palavra e do testemunho da própria vida, este novo mundo à sociedade atual, cuja cultura transmite um sentimento de confusão e de vazio.

Ao término da Missa, foi muito edificante ver que os jovens se despediam e, carregando sua mochila, tomavam rumos diferentes: a alegria e a fé, experimentadas nesta Jornada Mundial da Juventude, deverão contagiar tantos outros jovens, começando a construção de um mundo novo e de uma nova civilização do amor.

 DOM JOSÉ NEGRI|, PIME – Bispo de Blumenau
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