O presbítero e a Eucaristia – Homilia de Dom José Negri na Missa do Crisma

Minha saudação especial a todos os diáconos, presbíteros, religiosos e religiosas consagrados aqui presentes. Saúdo também todas as comunidades de nossa Diocese de Blumenau, representadas pelos leigos e por seus líderes. Quero manifestar minha alegria pelo carinho com que nos acompanha Dom Angélico, que envia um abraço para todos e todas.

Neste dia em que se comemora a instituição da Eucaristia desejo abrir oficialmente o Ano da Liturgia, dando ênfase particular à Eucaristia, lembrando que foi Cristo quem fundou o sacerdócio  e o colocou em conexão com a Eucaristia quando, na última ceia, disse aos seus apóstolos “Fazei isso em minha memória”. 

O Concílio Vaticano II ressaltou a importância e a natureza da  espiritualidade própria do presbítero, quando afirmou que eles “alcançarão a santidade de maneira autêntica, se desempenharem suas tarefas de modo sincero e incansável no Espírito de Cristo”. [P.O.13]

O presbíeteros são ministros da Palavra: lêem todos os dias e escutam a palavra de Deus que aos outros têm que ensinar. Eles são ministros da Liturgia, sobretudo no sacrifício da Missa, e representam de maneira especial a pessoa de Cristo, que se entregou a si próprio como vítima para santificar os homens.
 

1. Hoje nós renovaremos as nossas promessas sacerdotais. Como não relembrar o que nos foi dito no dia da nossa ordenação: “Recebe a oferenda do povo santo para a apresentares a Deus. Toma consciência do que virás a fazer; imita o que virás a realizar, e conforma a tua vida com o mistério da Cruz do Senhor”?

O Papa Bento XVI, na sua exortação apostólica “Sacramentum Caritatis”, afirma que, para conferir à sua existência uma forma eucarística, o sacerdote deve reservar, já no período de formação, e, depois, nos anos sucessivos, amplo espaço para a vida espiritual: “Uma vida espiritual intensa lhe permitirá entrar mais profundamente em comunhão com o Senhor, e o ajudará a deixar-se possuir pelo amor de Deus.”

Com esse propósito, parece-me de suma importância cultivar essa presença eucarística  no dia a dia, para nos deixarmos possuir por esse amor de Deus. A eucaristia deve ser para nós como o alimento cotidiano. Sem esse alimento, quem poderá sobreviver diante dos desafios que o sacerdote deve enfrentar todos os dias? O Papa recomenda, ainda, a “celebração diária da Santa Missa, mesmo quando não houver participação de fiéis. Isso porque o ato da celebração da missa equivale a um abraço universal, até cósmico e escatológico; assim, mesmo faltando a presença física dos fiéis, ela se estende a todo o corpo místico de Cristo que é a Igreja”. [SC, 80]

Nesse sentido, quero elogiar aqueles padres que, vivendo numa casa paroquial ampla e com vários cômodos, como são as da nossa Diocese, reservaram um espaço para a presença eucarística.

Agradeço pelas iniciativas tomadas por muitos, de celebrar a missa nas residências de membros dos grupos de reflexão, pois assim  também agiam os primeiros cristãos, que celebravam a eucaristia  em ambientes assim familiares.

Agradeço também aos padres que atuam em comunidades rurais e que, muitas vezes, levam horas transitando em estradas esburacadas, para celebrar a eucaristia com um número reduzido de fiéis.  Isso vale a pena, pois essa é a nossa missão.

 

2. Outro elemento eucarístico é a entrega sem reservas que Cristo faz de si mesmo, pela vida do mundo: “Este é o meu corpo, que é dado por vós. Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós”.  Assim, Jesus na eucaristia da última ceia  antecipa a doação de sua vida na Cruz. Ele se doa totalmente: “Ninguém tem maior amor do que este: dar a vida pelos amigos”. Todas as vezes que o presbítero celebra a eucaristia, aprende de Cristo como dar a sua vida, sem reservas, para a salvação da humanidade. Essa doação integral se torna possível graças a uma configuração crescente com Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e que sustenta e alimenta no sacerdote o carisma do celibato.

As nossas fraquezas e o nosso cansaço na celebração da eucaristia são assumidos pelo próprio Cristo, que fez de sua vida um sacrifício em benefício da humanidade. Cristo distribui o Pão da vida que é ele mesmo – e esse é o verdadeiro Pão de que todo ser humano tem fome profunda. O pão eucarístico constitui a prova do amor divino que, por meio da hóstia consagrada, chega a fazer-se tão pequeno e tão vulnerável. Ao mesmo tempo, porém, nos lembra o pão material, indispensável para sobreviver, que muitas vezes não é distribuído de uma maneira justa e fraterna pois, como sabemos e testemunhamos, muitos de nós morrem de fome. A solidariedade concreta e eficaz com os pobres representa uma forma de coerência necessária para quem vive a Eucaristia e dela participa. Como sucedeu por ocasião multiplicação dos pães e dos peixes, temos que reconhecer que Cristo continua, ainda hoje, exortando os seus discípulos a se empenharem pessoalmente na missão de mitigar a fome dos mais pobres: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. [Mt 14,16] Na verdade, a nossa vocação consiste em ser, unidos a Jesus, “pão repartido para a vida do mundo”. [SC,88]

 

3. Se a S. Missa constitui, todos os dias, o ato mais importante da história humana, então a sua celebração deve ser realizada com a máxima dignidade e atenção, e o seu fundamento não está à mercê do nosso arbítrio, nem pode suportar as mudanças das modas passageiras – continua o Santo Padre. [SC,37]

 

4. Quero deixar aqui o testemunho de um sacerdote que foi muito importante na minha vida e que há poucos dias foi chamado por Deus  para viver na eternidade. Ele viveu profundamente uma vida  eucarística e na paróquia surgiram muitas vocações, eu, uma entre tantas.

 

 

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