O primeiro ano de falecimento de Zilda Arns, médica sanitarista, fundadora das pastorais da Criança e da Pessoa Idosa, foi lembrado com uma missa na Catedral da Sé, presidida pelo arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, e concelebrada por diversos padres da Arquidiocese, fiéis e agentes de pastoral, além do Senador Eduardo Suplicy (PT/SP), acompanhado do deputado estadual Adriano Diogo (PT/SP).
Zilda Arns morreu no terremoto que devastou o Haiti em janeiro de 2010. Ela visitava o país para a implantação da Pastoral da Criança Internacional, e no momento do tremor, ela acabava de dar uma palestra em uma igreja da capital haitiana, Porto Príncipe.
Na homilia, dom Odilo recordou não apenas a médica brasileira, mas os muitos que como ela perderam a vida na tragédia do ano passado e disse que a missa também foi oferecida pelas almas dessas vítimas.
O arcebispo também reiterou o apoio da Igreja ao trabalho de Zilda Arns e de todos aqueles que acreditaram nela e hoje continuam sua obra. “Os ideais que inspiravam doutora Zilda eram justamente esses: a pessoa humana, na sua dignidade, o direito a poder viver, desfrutar a vida, que é um dom de Deus, e que as crianças não precisassem mais morrer em tenra idade, sem ter nem mesmo experimentado um pouco da vida”, enfatizou dom Odilo, lembrando a constante preocupação da médica em superar a mortalidade infantil nos primeiros anos de vida.
Para dom Odilo, esse ideal de Zilda Arns era inspirado na fé. “A fé cristã, a fé católica, fez com que essa leiga colocasse o seu serviço profissional de médica à disposição, ao serviço do próximo, numa iniciativa que desencadeou uma grande rede de solidariedade de voluntariado. Mostrando, assim, o que é possível fazer quando a fé inspira, de fato, a vida”, disse.
O cardeal pediu para que todos sigam o exemplo de Zilda Arns e se envolvam cada vez mais nas ações humanitárias de solidariedade. “Que seu exemplo continue a frutificar, na Pastoral da Criança, na Pastoral da Pessoa Idosa e em tantas outras iniciativas e ações de solidariedade”, concluiu.
Durante a oração do fiéis, dom Odilo também fez uma prece pela saúde do irmão da médica, dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, que se recupera de uma cirurgia na UTI do Hospital Santa Catarina.
Irmã Maria José Mendes, da Congregação das Irmãs Franciscanas da Ação Pastoral, que participou da celebração em nome de dom Paulo, disse que ele estava unido em oração à missa na catedral e informou que no mesmo horário, dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC), celebrou uma missa no hospital com o cardeal Arns e seus familiares, também pela memória de Zilda.
O Senador Eduardo Suplicy destacou o respeito que os brasileiros tinham por Zilda Arns. “Doutora Zilda, em todo o Brasil, nas mais diversas regiões, sempre foi uma pessoa que recebeu enorme respeito pelo seu exemplo. Ela nos traz a lembrança de como é importante que nós possamos nos solidarizar com o Haiti”, afirmou Suplicy.
Maria do Rosário Gazzola de Souza, coordenadora arquidiocesana da Pastoral da Criança, afirmou que foi a esperança em continuar o trabalho da fundadora que moveu a pastoral durante esse ano. Ela informou que em 2010, muitas comunidades e paróquias da Arquidiocese implantaram a Pastoral da Criança. “O trabalho realmente não parou, está cada vez com um ânimo e um ardor maior”, disse.
Ela também reconheceu que após a morte de Zilda Arns muitas pessoas se interessaram em conhecer o trabalho da pastoral. “A forma como ela morreu e a missão dela chamou muito a atenção das pessoas que ainda não conheciam seu trabalho. A missão da doutora Zilda despertou em muitas pessoas essa vontade de fazer um trabalho voluntário”.
Uma reportagem especial na edição de 11/01 do jornal O SÃO PAULO traz uma entrevista exclusiva do médico Nelson Arns, filho de Zilda e atual coordenador da Pastoral da Criança Internacional, em que ele fala sobre este primeiro ano sem a mãe e figura de grande projeção nacional e internacional.
Em sua terra natal, a cidade de Forquilhinha (SC), será inaugurado o memorial Zilda Arns, em frente à Casa Mãe Helena, sede da Pastoral da Criança, bem como três placas de boas vindas em nome dela, nas entradas da cidade. Em seguida, às 18h30, também acontece celebração eucarística.
Missionários da Arquidiocese no Haiti
Durante a celebração, dom Odilo também destacou a presença dos seis missionários da Comunidade Missão Belém, da Arquidiocese de São Paulo, que atuam em um bairro extremamente pobre de Porto Príncipe.
Ele ainda informou que a coleta da celebração será destinada para ajudar esses missionários e pediu que divulgassem a conta da Cáritas Arquidiocesana para arrecadação de ajuda ao Haiti.
Maria Chiara Carraro, irmã do padre Gianpetro Carraro, fundador da Missão Belém, que está no Haiti, informou que seu irmão tem sempre entrado em contato com o Brasil. “Todos os missionários estão bem e estão tentando iniciar uma creche. Eles conseguiram um terreno e, agora, com a colaboração do Brasil e da Itália, há esse projeto de construção da creche”, disse.
A irmã do missionário também disse que o povo do Haiti tem sofrido muito com a falta de água e o crescimento do surto de cólera, devido às precárias condições de higiene, situação agravada ainda mais pela difícil situação política que o país está passando.
Fonte: Site da ARquidiocese de São Paulo (Redação e imagem)