Leituras Bíblicas
“Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68)!
Dia 18 de agosto de 2010
Quarta-feira da 20ª semana do Tempo Comum
A Igreja celebra hoje: Santa Helena (Séculos III e IV) – Leia sua vida clicando: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/santo.aspx?Dia=18&Mes=8
Livro de Ezequiel 34,1-11:
Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
"Filho de homem, profetiza contra os pastores de Israel, profetiza e diz a esses pastores: Assim fala o Senhor Deus: ‘Ai dos pastores de Israel, que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar o rebanho?
Vós, porém, bebestes o leite, vestistes-vos com a sua lã, matastes as rezes mais gordas e não apascentastes as ovelhas.
Não tratastes das que eram fracas, não cuidastes da que estava doente, não curastes a que estava ferida; não reconduzistes a transviada; não procurastes a que se tinha perdido; mas a todas tratastes com violência e dureza.
Por isso, à falta de pastor, elas dispersaram-se e, na sua debandada, tornaram-se a presa de todos os animais dos campos.
As minhas ovelhas vagueiam por toda a parte, pelas montanhas e pelas colinas elevadas; o meu rebanho anda disperso por sobre toda a superfície do país; ninguém se preocupa nem as vai procurar.’
Por isso, pastores, ouvi a palavra do SENHOR:
‘Pela minha vida – oráculo do Senhor Deus: porque as minhas ovelhas ficaram entregues à pilhagem e se tornaram a presa de todos os animais dos campos, por falta de pastor; porque os meus pastores não se preocupam com o meu rebanho, porque eles se apascentam a si mesmos e não apascentam o meu rebanho’
por isso, pastores, ouvi a palavra do Senhor.
Assim fala o Senhor Deus: ‘Aqui estou Eu contra os pastores! Vou tirar as minhas ovelhas das suas mãos, e não permitirei que apascentem mais as minhas ovelhas; e eles não se apascentarão mais a si mesmos. Da sua boca arrancarei as minhas ovelhas, e elas nunca mais serão uma presa para eles.’"
Porque assim fala o Senhor Deus: "Eis que Eu mesmo cuidarei das minhas ovelhas e me interessarei por elas.
Livro de Salmos 23(22),1-3.4.5.6:
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Em verdes prados me faz descansar e conduz-me às águas refrescantes.
Reconforta a minha alma e guia-me por caminhos retos, por amor do seu nome.
Ainda que atravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo porque Tu estás comigo. A tua vara e o teu cajado dão-me confiança.
Preparas a mesa para mim à vista dos meus inimigos; ungiste com óleo a minha cabeça; a minha taça transbordou.
Na verdade, a tua bondade e o teu amor hão de acompanhar-me todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre.
Evangelho segundo S. Mateus 20,1-16:
«Com efeito, o Reino do Céu é semelhante a um proprietário que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar trabalhadores para a sua vinha.
Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para a sua vinha.
Saiu depois pelas nove horas, viu outros na praça, que estavam sem trabalho,
e disse-lhes: ‘Ide também para a minha vinha e tereis o salário que for justo.’
E eles foram. Saiu de novo por volta do meio-dia e das três da tarde, e fez o mesmo.
Saindo pelas cinco da tarde, encontrou ainda outros que ali estavam e disse-lhes: ‘Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?’
Responderam-lhe: ‘É que ninguém nos contratou.’ Ele disse-lhes: ‘Ide também para a minha vinha.’
Ao entardecer, o dono da vinha disse ao capataz: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até aos primeiros.’
Vieram os das cinco da tarde e receberam um denário cada um.
Vieram, por seu turno, os primeiros e julgaram que iam receber mais, mas receberam, também eles, um denário cada um.
Depois de o terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo:
‘Estes últimos só trabalharam uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que suportamos o cansaço do dia e o seu calor.’
O proprietário respondeu a um deles: ‘Em nada te prejudico, meu amigo. Não foi um denário que nós ajustamos?
Leva, então, o que te é devido e segue o teu caminho, pois eu quero dar a este último tanto como a ti.
Ou não me será permitido dispor dos meus bens como eu entender? Será que tens inveja por eu ser bom?’
Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por
São Cirilo de Jerusalém (313-350), Bispo de Jerusalém e Doutor da Igreja.
Catequese Baptismal, 13 (a partir da trad. Bouvet, Soleil Levant 1962, pp. 285ss. rev.)
O homem da última hora
Um dos ladrões que tinham sido crucificados com Jesus exclamou: «Senhor, lembra-Te de mim! Agora, é para Ti que me volto. […] Não te declaro as minhas obras, porque me fazem tremer. Todos os homens têm boas disposições relativamente aos companheiros de jornada, e eis que eu sou Teu companheiro na jornada para a morte. Lembra-Te de mim, Teu companheiro de jornada, não agora, mas quando chegares ao Teu Reino (cf. Lc 23,42).
Que poder foi esse que te iluminou, bom ladrão? Quem te ensinou a adorar assim Aquele que fora desprezado e crucificado contigo? Ó luz eterna, que iluminas os que se encontram nas trevas (cf. Lc 1,79)! «Tem coragem! Em verdade te digo, hoje mesmo estarás Comigo no Paraíso, porque hoje ouviste a Minha voz e não endureceste o coração» (cf. Sl 94,8). Por ter desobedecido, Adão foi expulso do Paraíso. […] Mas tu, que hoje obedeceste à fé, serás salvo. Para Adão, a árvore foi ocasião de queda; a ti, a árvore far-te-á entrar no Paraíso.
Ó graça imensa e inexprimível! Abraão, o fiel por excelência, ainda não tinha entrado, e o ladrão entra. Maravilhado, Paulo observa: «Onde abundou o pecado, superabundou a graça» (Rm 5,20). Aqueles que tinham trabalhado todo o dia ainda não tinham entrado no Reino, e este, o homem da última hora, entra sem tardar. Que ninguém murmure contra o senhor: «Em nada te prejudico, meu amigo. […] Ou não me será permitido dispor dos meus bens como entender?» O ladrão quer ser justo […], por mim, contento-me com a fé de que ele deu provas. […] Eu, o pastor, encontrei a ovelha perdida e coloquei-a aos ombros (cf. Lc 15,5), porque ela me disse: «Errei, mas lembra-te de mim, Senhor, quando chegares ao Teu Reino.»