Ao olharmos para a história da Igreja encontramos uma linda página marcada pelos homens de Deus, mas também pela dor, fervor e amor à Virgem Mãe de Deus: é a história da Ordem dos Carmelitas, da qual testemunha o cardeal Piazza: “O Carmo existe para Maria e Maria é tudo para o Carmelo, na sua origem e na sua história, na sua vida de lutas e de triunfos, na sua vida interior e espiritual”.
Carmelo (em hebraico, “carmo” significa vinha; e “elo” significa senhor; portanto, “Vinha do Senhor”): este nome nos aponta para a famosa montanha que fica na Palestina, donde o profeta Elias e o sucessor Elizeu fizeram história com Deus e com Nossa Senhora, que foi pré-figurada pelo primeiro numa pequena nuvem (cf. 1Rs 18,20-45).
Estes profetas foram “participantes” da Obra Carmelita, que só vingou devido à intervenção de Maria, pois a parte dos monges do Carmelo que sobreviveram (século XII) da perseguição dos muçulmanos, chegaram fugidos na Europa e elegeram São Simão Stock como seu superior geral; este, por sua vez, estava no dia 16 de julho intercedendo com o Terço, quando Nossa Senhora apareceu com um escapulário na mão e disse-lhe: “Recebe, meu filho, este escapulário da tua Ordem, que será o penhor do privilégio que eu alcancei para ti e para todos os filhos do Carmo. Todo o que morrer com este escapulário será preservado do fogo eterno”.
Vários Papas promoveram o uso do escapulário e Pio XII chegou a escrever: “Devemos colocar em primeiro lugar a devoção do escapulário de Nossa Senhora do Carmo – e ainda – escapulário não é ‘carta-branca’ para pecar; é uma ‘lembrança’ para viver de maneira cristã, e assim, alcançar a graça duma boa morte”.
Neste dia de Nossa Senhora do Carmo, não há como não falar da história dos Carmelitas e do escapulário, pois onde estão os filhos aí está a amorosa Mãe.
Fonte: Canção Nova
Bartolomeu Fernandes dos Mártires
Bem-aventurado
1514-1590
Bartolomeu nasceu em Lisboa, em maio de 1514. Era filho de Domingos Fernandes e de Maria Correia, ambos de famílias tradicionais, abastadas e nobres. O filho foi batizado com o nome do santo apóstolo na igreja de Nossa Senhora dos Mártires e, por serem seus devotos, incluíram também o “dos Mártires” para homenagear Maria.
Foi educado na Corte portuguesa com muito requinte, recebeu sólida formação humanística e cristã. Cedo decidiu pela vida religiosa, ingressando na Ordem dos Dominicanos em 1528. Fez o noviciado no mosteiro de Lisboa, onde se diplomou em filosofia e teologia. Desde sua graduação, em 1538, foi professor nos vários conventos da capital da Corte, função que exerceu durante vinte anos.
Foi apresentado pela rainha Catarina para suceder o arcebispo de Braga e o papa Paulo IV confirma-o, em 1559. Bartolomeu aceitou essa dignidade por obediência ao seu prior provincial, o qual o teria indicado antes à rainha, de quem era conselheiro e confessor.
Iniciou a sua atividade na vastíssima arquidiocese empreendendo uma atividade apostólica de ação multifacetada e de cunho reformador. Realizou incontáveis visitas pastorais; empenhou-se na evangelização do povo, para isso publicando o “Catecismo ou doutrina cristã e práticas espirituais”, que continua sendo editado. Atento e solicito à cultura e santificação do clero, instituiu aulas de teologia moral em vários locais da diocese e escreveu cerca de trinta obras doutrinais, cujas publicações atingiram o terceiro milênio. Uma que mereceu particular importância foi o “Stimulus pastorum”, distribuída aos padres dos Concílios Vaticano I e II, e que foi editada mais de vinte vezes.
Esse empenho reformador o bispo Bartolomeu dos Mártires imprimiu, também, em espaços estruturais e durante toda a sua vida. Em 1560, confiou aos padres jesuítas o ensino público a cargo da arquidiocese de Braga, o que originou o excelente Colégio de São Paulo.
No ano seguinte, construiu o Convento da Santa Cruz na cidade de Viana do Castelo.
Participou no Concílio de Trento, de 1561 a 1563, onde apresentou mais de duzentas e sessenta petições como síntese das interpelações de reforma para a Igreja. Solidificou ainda mais a marca do grande reformador que era, quando, no ano seguinte, efetuou, em Braga, um sínodo diocesano, e, depois de dois anos, um outro, provincial.
Foi ele também que, entre 1571 e 1572, idealizou e iniciou a construção do Seminário Conciliar no Campo da Vinha. Nesse ano, decidiu renunciar ao arcebispado de Braga. Foi para o Convento da Santa Cruz, onde se manteve recolhido, dedicando-se aos estudos eclesiásticos e à pregação até morrer, em 16 de julho de 1590. Reconhecido e aclamado pelo povo por sua santidade como pai dos pobres e dos enfermos, seu túmulo encontra-se na antiga igreja dominicana em Viana do Castelo, Portugal.
O papa João Paulo II proclamou-o, em 2001, bem-aventurado Bartolomeu Fernandes dos Mártires, no dia litúrgico de são Carlos Borromeu, com quem o bem-aventurado trabalhou, arduamente, na concretização dos objetivos do Concilio de Trento.
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Santa Maria Madalena Postel, Fundadora – Festejada 16 de julho
Santa Maria Madalena Postel estudava com suas Irmãs, a vida e a personalidade dos grandes Santos da Igreja, colocando-os como exemplos de doação e mística de vida interior. Pouquíssimo falou de si mesma.
Para ela “o silêncio era a custódia de todas as virtudes”. Queria “fazer o bem, tanto quanto pudesse, mas, o mais ocultamente possível”.
No dia 28 de novembro de 1756, nasceu a filha primogênita do casal Postel, em Barfleur, uma vila de pescadores da Normandia, França. A criança foi batizada com o nome de Júlia Francisca Catarina.
Júlia Postel foi aluna interna do colégio da Abadia Real das Irmãs Beneditinas, em Valognes, onde se formou professora. No início, não pensou na vida religiosa, sua preocupação era com a grande quantidade de jovens que devido à pobreza estavam condenadas à ignorância.
De volta à sua aldeia natal, com determinação e dificuldade, ela abriu uma escola em 1774. As alunas afluem ao seu pensionato. Era solicitada sempre pelos mais infelizes: pobres, órfãos, enfermos, idosos, viúvas, que a viam como uma mãe zelosa, protetora, que não os abandonava, sempre cheia de fé em Cristo. Aos ricos pedia ajuda financeira e, quando não tinha o suficiente, ia pedir esmolas, pois a escola e as obras não podiam parar.
Em 1789, a Revolução Francesa declarou guerra de ódio ao trono e à Igreja, dispersando o clero e reduzindo tudo a ruínas. A escola de Júlia Postel foi fechada, mas, a pedido do bispo, ela escondeu em sua casa os livros sagrados e o Santíssimo Sacramento. Ela usou o edifício para refúgio de padres fugitivos. Sob a escada da escola, ela criou uma capela secreta onde os padres “refratários” podiam dizer Missa para aqueles que recusavam reconhecer o clero “constitucional” imposto pelo Estado.
Ela ajudava os padres e organizava as missas clandestinas. Ela mesma foi autorizada a distribuir a comunhão aos doentes. Durante os horrores da Revolução ela hospedou sacerdotes perseguidos e os ajudou a fugir para a Inglaterra.
Após a concordata entre o Papa e Napoleão, em 1801, a paz foi restabelecida. Em 1805 ela abriu uma escola em Cherbourg com três companheiras e com a ajuda do Abade Cabart. Finalmente, em 8 de setembro de 1807, dia da festa de Nossa Senhora da Misericórdia, o bispo acolheu os seus votos religiosos, dando origem à Congregação das Filhas da Misericórdia. As religiosas pronunciaram seus votos na capela do Hospital de Cherbourg.
No início são quatro religiosas guiadas por Júlia, que tomou o nome de Madre Maria Madalena. Esta foi a primeira de numerosas outras obras que deram origem a gerações de meninas de fé profunda e militante. Em três anos, duzentas meninas foram educadas.
Durante algum tempo, Madre Postel e suas nove companheiras professoras enfrentaram grande pobreza, vivendo em um estábulo próximo à escola. Os primeiros anos foram de grande provação, mas ela não desistia. Várias vezes a comunidade foi forçada a se mudar, antes de se instalar em Tamerville, em 1815.
Desde Cherbourg, as Irmãs foram expandindo para Octeville-l’Avenel, Tamerville, Valognes… O périplo terminou nas ruínas da antiga abadia beneditina de Saint-Sauveur-le-Vicomte, adquirida por Madre Postel em 1832.
Madre Maria Madalena, junto com suas irmãs, estabeleceu-se nas ruínas de Saint-Sauveur-le-Vicomte. A mesma foi reconstruída com dificuldade e tornou-se a Casa-mãe da Congregação.
O Instituto logo se propagou no oeste da França, e depois na Alemanha e nos Paises Baixo. E foi oficialmente aprovado em 1837.
A formação das religiosas era voltada para o ensino escolar e baseava-se nos mesmos princípios dos Irmãos das Escolas Cristãs, já que na época era grande essa necessidade. Depois, a pedido de Roma, passaram também a servir como enfermeiras.
Madre Maria Madalena velava pela formação de suas filhas e pela propagação de sua Congregação, insistindo sobre “a obediência até a morte”, a caridade e a vida de oração. Bem antes de sua morte ela já era venerada como santa.
Restauradora de conventos e igrejas, sua obra-prima foram as Irmãs formadas por ela com a pedagogia do sorriso ainda quando exaustas pelos jejuns e pelas poucas horas de sono.
Nem na morte, aos 90 anos, ela abandonou seu sorriso. Faleceu no dia 16 de julho de 1846. A fama de sua santidade logo se espalhou pelo mundo cristão.
Foi beatificada em 1908 e canonizada pelo papa Pio XI em 1925. Está sepultada em Saint-Sauveur-le-Vicomte. Sua obra chama-se atualmente Congregação das Irmãs de Santa Maria Madalena Postel.
Em 1937, a Congregação de Madre Postel chegou ao Brasil, onde as Irmãs assumiram trabalhos em várias regiões do país, tendo como Sede da Congregação no Brasil a Cidade de Leme, no Estado de São Paulo.
Hoje a Congregação se encontra em quatro continentes.