São Basilio (cerca 330-379), monge e bispo de Cesaréia, na Cappadocia, doutor da Igreja – Regras mais amplas – Pergunta 8:
Nada preferir a Cristo
O nosso Senhor Jesus Cristo disse a todos, repetindo muitas vezes e dando muitas provas: ”Se alguém quiser me seguir, renegue a si mesmo, tome a sua cruz e cada dia me siga” (Lc 9,23); e ainda:” Quem de vós não renuncia a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo”. Parece exigir total renúncia… “Onde está o teu tesouro, diz em outro lugar, estará também o teu coração” (Mt 6,21). Portanto, se nos apegamos a bens terrenos ou a algum bem perecível, o nosso espírito permanece afundado como na lama. É então inevitável que a nossa alma seja incapaz de contemplar Deus e se torna insensível aos desejos dos esplendores do céu e dos bens a nós prometidos. Não podemos obter estes bens se não os pedimos sem cessar, com um ardente desejo que, de resto, tornará leve o esforço para consegui-los.
Renunciar a si mesmo é, pois, dissolver os vínculos que nos ligam a esta vida terrena e passageira; é libertar-se das contingências humanas para estar em grau de caminhar sobre a estrada que conduz a Deus. É libertar-se daquilo que estorva para possuir e usar os bens que são “mais preciosos do que o ouro, de muito ouro fino” (Sl 18,11). E para abreviar, renunciar a si mesmo é transferir o coração humano para a vida do céu, ao ponto de se poder dizer: ”A nossa pátria é o céu” (Fl 3,20). E, acima de tudo, é começar a se tornar semelhantes a Cristo que, de rico que era, se fez pobre por nós” (2Cor 8,9). Devemos assemelhar-nos a ele se queremos viver de acordo com o Evangelho.