Favorecer a missão da mulher na família é um remédio para a sociedade e uma vantagem para o Estado
Irmã M. Catarina Gatti ICMS
Hoje vivemos numa sociedade onde uma certa cultura tende a separar-se de Deus, isto é, cancelar aqueles valores que são a vida, o amor, a dedicação, a fidelidade, a atenção ao outro e que a mulher sempre transmitiu na família exatamente porque são interiores à sua feminilidade.
Procura-se fazer acreditar à mulher que a propria realizaçãos esteja do lado de fora do âmbito familiar, em outros campos, propondo-lhe tudo isso como uma conquista, uma libertação.
Segundo esta ‘visão’ a “vocação à família”, o ocupar-se de fato prevalentemente com o marido e com os filhos, parece ser coisa de outros tempos, quase impensável e tida diretamente frustrante por muitíssimas mulheres.
No entanto a familia é a célula da sociedade, é nela que nascem e crescem os futuros cidadãos e portanto não se pode pensar em delegar a tarefa de fazer crescer e educar os filhos somente à escola, às instituições, à paróquia.
Isto foi sublinhado também pela Igreja: a mulher deve estar presente ativamente e também com firmeza na família porque é aí, acima de tudo, que se plasma a face de um povo, é aí que os seus membros adquirem os ensinamentos fundamentais. Eles aprendem a amar enquanto são amados gratuitamente, aprendem o respeito para com cada pessoa enquanto são respeitados, aprendem a conhecer o rosto de Deus enquanto recebem a primeira revelação de um pai e de uma mãe cheios de atenção (Carta dos bispos sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo).
A importância e o peso da atividade laborativa das mulheres no interior do núcleo familiar deve ser reconhecida e valorizada. João Paulo II escrevia que o “esforço” da mulher que dá à luz um filho e depois o nutre, cuida dele, ocupa-se do seu crescimento e educação – e isto principalmente nos primeiros anos de vida – é tão grande que faz não temer o desafio de nenhum trabalho profissional (cf. Carta às famílias).
Este pensamento infelizmente está muito longe daquele que prevalece hoje. Um certo feminismo procurou tornar a mulher sempre mais semelhante ao homem, colocando-a em competição nas fábricas, nos escritórios, na política, nas instituições, “desnaturalizando-a” e fazendo-a descuidar-se dos filhos.
Admitindo que os filhos existam, pois muito frequentemente a mulher de carreira “escolhe” não ter filhos que, com frequência, são considerados um empecilho para desenvolver melhor o próprio trabalho ou como um compromisso a mais. Ou então num certo momento, já quando a juventude deixou lugar à idade mais madura, deseja-se a todo custo um filho. Sim, aquele filho que por tantos anos se procurou evitar, agora se deseja a todo custo, quase “por obrigação”, sem se dar conta, ao invés de que é um grande dom de Deus, que se deve pedir e cuidar. E se deve acolher quando Deus quer dá-lo.
É bom que a mulher trabalhe, contribuindo assim para o sustento da família e ao desenvolvimento da sociedade. A Igreja recomenda que ela tenha acesso a postos de responsabilidade, promovendo o bem comum e encontrando soluções inonovadoras aos vários problemas sócio-econômicos.
O mal é que a atividade externa consuma de tal maneira seu tempo e suas energias, tanto físicas quanto psíquicas, que a tornem quase incapaz de corresponder plenamente à vocação de mulher e de mãe e de desempenhar adequadamente aquelas tarefas a ela correlacionadas.
Edith Stein, conhecida também como Santa Teresa Benedita da Cruz, escrevia que muitas mulheres estão quase arrasadas sob o duplo peso da profissão e dos deveres familiares. Sempre em atividade, apressadas, sempre nervosas, irritadas. Onde poderão buscar a serenidade e a alegria interior para poder oferecer a todos o sustento, o apoio, a direção?
E a consequência de tudo isso são as pequenas brigas de cada dia, as discussões com o marido e os filhos, rompendo, assim muitas vezes aquela tranquilidade, paz e harmonia que deveriam reinar entre as quatro paredes domésticas. É um erro pensar que se possam trazer aperfeiçoamentos à sociedade sem primeiro amar, estar atentos e saber sacrificar-se por aqueles que vivem ao nosso lado. Neste caso a mulher não pode sentir-se realizada nem feliz, mesmo tendo talvez um ótimo emprego fora de casa.
É por isso que a Igreja insiste para que a legislação e a organização do trabalho não penalizem as exigências ligadas à missão da mulher na família. E isso é um problema não somente e não tanto jurídico ou econômico, mas primeiro de tudo se trata de um modo de pensar errado, é um problema de cultura.
É necessário de fato valorizar de modo correto e antes de tudo em nível de mentalidade o trabalho desenvolvido pela mulher na família. Se assim não for, a mulher que dedica o seu tempo em casa será sempre penalizada do ponto de vista econômico e considerada, em um certo sentido, inferior àquela que, ao invés, tem um emprego externo.
Necessita-se portanto de uma “mudança de pensamento” para favorecer aquelas mulheres que desejem desenvolver outros trabalhos, pois a legislação poderia prever facilitação de horários mais acessíveis e compatíveis com a vida familiar. Poderiam ser reduzidas as ocorrências de stress e favorecidas as possibilidades de desenvolver as responsabilidades prioritárias de mulher e de mãe. Responsabilidades que realmente são insubstituíveis. Não se pode acreditar que se possa substituir este compromissso dando aos filhos moedas, presentes e tudo aquilo que pedem, porque chegará um dia em que dirão que para eles não foi feito nada.
Frequentemente os jovens de hoje se sentem vazios, sozinhos, porque, embora tenham “tudo”, falta-lhes aquela certeza de serem amados, a percepção de estarem, de fato, no centro das atenções dos pais, em particular da mãe, porque o lugar de uma mãe ninguém pode substituir.
Crescerá amadurecido e sem complexos aquela criança que conheceu o calor dos braços da mãe. Nenhum psicólogo pode substituir o trabalho do coração de uma mãe que bate sobre o coração de seu filhinho.
Tradução do italiano: Pe. Raul Kestring